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"Quando a realidade voltar a vencer o pânico e a especulação, o Brasil certamente terá se firmado como a melhor alternativa de investimento", dizia a reportagem de capa de ISTOÉ, no início de outubro do ano passado. O texto foi escrito antes que o estouro da bolha econômica global tivesse completado seu primeiro mês. Era uma semana em que a economia mundial havia mergulhado na espiral descendente, com tombos de dois dígitos nas bolsas, escassez absoluta de dinheiro na praça e previsões drásticas sobre o futuro imediato do emprego, do investimento e da renda.

Na semana passada, uma pesquisa revelou que os empresários brasileiros retomaram o otimismo de antes da crise. A ONU anunciou que o Brasil só perde para a China, Estados Unidos e Índia como destino dos investidores.

E os dados de emprego e produção industrial melhoram consistentemente mês a mês. Diante disso é claro que alguns analistas e publicações trataram de se vangloriar do fato de terem acertado suas previsões sobre a crise.

Mais do que cabotinismo, seria um equívoco alardear que ISTOÉ acertou na mosca, até porque a revista não tratou de construir cenários variados, como se a boa reportagem fosse uma questão de múltiplas escolhas. Quem faz apostas são os operadores de mercado. Especular com a notícia contraria os fundamentos do jornalismo, que estão baseados na informação segura, na correção da análise e no distanciamento crítico. Foi por esse compromisso com o leitor que ISTOÉ mostrou, no auge do pânico econômico, como a solidez dos bancos nacionais, a rentabilidade das empresas de capital aberto e a alta soma das reservas internacionais indicavam um caminho seguro para o Brasil. Saber que outros só viram depois o que nossos leitores sempre souberam é a prova deste bom jornalismo.

Mas o que o governo fez até agora foi implantar medidas que aliviaram os efeitos da crise externa e garantiram a geração de emprego e renda. O Brasil, no entanto, precisa de desenvolvimento e não apenas de crescimento. E desenvolvimento é uma revolução na sucateada infraestrutura, é investimento em educação e em inovação. Passada a fase mais crítica, o País tem hoje uma inflação menor que antes, mais dólares em caixa e a menor taxa de juros real em décadas. O Brasil precisa correr mais rápido se quiser chegar ao padrão das economias desenvolvidas. Chegou a hora da arrancada.

Luciano Suassuna, diretor editorial adjunto