Erros suspeitos
Foram tantos os erros processuais no encaminhamento do processo de cassação do deputado José Dirceu no Conselho de Ética que já há quem desconfie no Congresso que tudo esteja sendo feito de propósito. Seria uma forma de ajudar Dirceu a conseguir anulação no Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, não partilha da tese, mas está às turras com o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar. É que só depois que pediu adiamento do prazo final do processo Izar descobriu que o Regimento Interno exige que o julgamento final ocorra 90 dias após aceita a denúncia. No caso de Dirceu isso significa que sua cassação deveria ser submetida ao plenário até o dia 10. E, por conta dos adiamentos do Conselho de Ética, Aldo acabou marcando a votação da cassação para o dia 23. Izar, por sua vez, põe a culpa em Aldo, reclama nos bastidores do Congresso de “má vontade” do presidente da Câmara, que retruca dizendo ter avisado o próprio Izar que o Conselho de Ética deveria ter trabalhado todas as semanas de segunda a sexta-feira, e não de terça a quinta, como ocorreu. Enquanto isso, Dirceu sorri.

Furto no Conselho de Ética
Na foto ao lado, o presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (à dir.), mostra ao advogado do deputado José Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, que está sendo obrigado a usar óculos velhos: “Tinha acabado de comprar um caríssimo. Deixei aqui em cima da mesa e ele simplesmente desapareceu. Não é incrível?”
 
 
Sumiram os ministros
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, avisou o presidente Lula que os ministros não estão indo ao Congresso defender seus projetos. Ele disse, por exemplo, que vai colocar em votação o projeto do Fundo de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) e que o ministro da área, Fernando Haddad, pode ser pego de surpresa.

Quebra de decoro
Deputado pelo PT-DF, Sigmaringa Seixas (foto) é conhecido como um conciliador. Amigo pessoal de FHC e José Serra, costuma fugir de brigas. Mas acha que o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, e o pefelista ACM Neto passaram dos limites ao falar em dar surra no presidente Lula: “Isso é quebra de decoro. Vale representação no Conselho de Ética.”
 
 
Contrabando de cargos
Silenciosamente, o coordenador político do governo, Jacques Wagner, está tentando abafar um novo escândalo. Foi cobrar apoio de deputados do baixo clero que tinham indicado apadrinhados no Executivo e descobriu que eles não haviam indicado nada. O ex-petista Silvinho Pereira é que colocava na conta de aliados inexpressivos as nomeações do PT.
 
 
Rápidas

• Governistas e oposicionistas do PMDB tentaram convencer o deputado Jader Barbalho (PA) a assumir o cargo de líder da bancada. Mas ele não quer. Em meio à crise, não é hora de voltar à ribalta.

• O presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, é hoje o nome que mais une governistas e oposicionistas no seu amado PMDB. Nenhum dos caciques dos dois lados o aceita como candidato do partido a presidente da República.

• José Sarney e Renan Calheiros fecharam acordo em torno do nome do partido
para mais um cargo do PMDB no governo. Desta vez, o escolhido é Paulo Lustosa, indicado para comandar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

• O tucano Geraldo Alckmin foi fazer campanha para presidente no Ceará inaugurando uma obra em Juazeiro do Norte executada com verbas
municipais, estaduais e… do governo federal ! Quando descobrir, Lula vai
dar bronca nos ministros.

• Carla Cicco, ex-presidente da Brasil Telecom, não depôs na CPI do Correios
porque estava na maratona de Nova York. Avisou que não virá também nesta semana. Que a procurem na Itália.