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NO TOPO A animação estrelada pelo peixinho é o programa mais assistido do Discovery Kids

Peixonauta é um agente da Organização Secreta para Total Recuperação Ambiental. Sua missão no desenho animado que leva seu nome, exibido pelo canal infantil a cabo Discovery Kids, é defender a Terra do desmatamento e de outros problemas ecológicos. No concorrido mercado da animação, ele veio para provar que os desenhos brasileiros são tão bons como os americanos, japoneses e canadenses. Criado pela produtora paulista TV PinGuim, o peixinho com roupa de astronauta protagoniza há três meses o programa mais visto do Discovery Kids, desbancando atrações internacionais como "LazyTown" e "Backyardigans". O bom desempenho do personagem sinaliza para novas parcerias com grandes canais de tevê. "Não esperávamos o sucesso tão rápido", diz André Rossi, gerente de programação da Discovery Networks do Brasil. A produção dos 52 episódios da primeira temporada foi viabilizada pelo canal, que garantiu ainda a exibição do seriado em toda a América Latina – sem contar 27 países do Oriente Médio para os quais é transmitido pela Al Jazeera Kids.

Fazer desenhos é caro e demorado. "Peixonauta" levou dois anos para ficar pronto e custou, estima-se, mais de R$ 5 milhões. "A produtora existe há duas décadas e nunca havia feito séries grandes como essa. Ficávamos restritos a formatos menores, exibidos por canais educativos", diz Celia Catunda, sócia da TV PinGuim. Hoje o cenário é outro. Segundo o animador Maurício Vidal, professor da ESPM do Rio de Janeiro, o mercado brasileiro de animação está em seu melhor momento. O incentivo a coproduções internacionais e o lançamento de editais também fomentam esse filão. Este ano o Ministério da Cultura lançou o Anima TV, concurso que contemplou 18 projetos de série – cada um com R$ 110 mil. O dinheiro financiou a "bíblia" (como são chamados os projetos completos dos seriados) e um episódio-piloto. Esses pilotos serão transmitidos na rede pública e analisados em pesquisas de audiência. Dois deles serão transformados em séries de 12 episódios cada uma. "O Brasil vai deixar de ser um exportador de talentos para ser um exportador de desenhos", afirma Cesar Coelho, um dos idealizadores do festival Anima Mundi, referindo-se, entre outros, a Carlos Saldanha, diretor de "A Era do Gelo 3", um dos filmes mais vistos atualmente no mundo.

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As coproduções são o melhor caminho para ganhar o mercado estrangeiro, já que só a distribuição interna não compensa a realização de uma série. Como incentivo à produção, países como França e Canadá criaram cotas para animações nacionais – o que não acontece no Brasil. A competição com os desenhos americanos, que chegam aqui com um custo baixo, é desleal porque apenas a exibição nos EUA paga os custos do investimento. O lucro que se espera da transmissão na América Latina vem do comércio de produtos licenciados, como cadernos e bonecos. "As nossas tevês abertas alegam que precisam comprar muito conteúdo infantil e por isso não podem gastar com a produção de desenhos", diz Coelho. "Quando elas entenderem que esses desenhos podem fazer sucesso e se pagarem com a venda de produtos licenciados, o mercado vai deslanchar." "Peixonauta" representa um grande passo nessa direção.