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A volta mais sofrida

O piloto Hélio Castroneves fala dos meses em que viveu como suspeito de fraudar o Fisco dos EUA

O piloto Hélio Castroneves fala dos meses em que viveu como suspeito de fraudar o Fisco dos EUA (Crédito: Rodrigo Cardoso)

29/07/2009 - 10:00

O paulista Hélio Castroneves tornou-se, em maio, tricampeão de uma das provas mais tradicionais do automobilismo mundial: as 500 milhas de Indianápolis. Na semana passada, o piloto da IndyCar, que disputa no domingo 26 a etapa de Edmo nton, no Canadá, esteve em Brasília e presenteou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o capacete que usou na conquista. Quarto colocado na classificação geral, ele aproveitou a ocasião para pedir apoio para a realização de uma etapa da categoria no País.

Um mês antes de Indianápolis, sem macacão e vestindo terno e gravata, o piloto de 34 anos havia conseguido a sua maior conquista fora do cockpit: rezando de olhos fechados, ouvira a sentença da corte de Miami que o inocentara da acusação de fraudar o Fisco americano em US$ 7,5 milhões. Se fosse condenado, poderia amargar 35 anos atrás das grades. Apesar de a bandeira quadriculada voltar a tremular para ele muito rapidamente após esse episódio, o sentimento de humilhação por ter sido algemado antes do julgamento é vivo em sua cabeça: "É uma ferida que ainda está cicatrizando."

"FOI HUMILHANTE"

ISTOÉ – Como lembra dos meses em que viveu como suspeito?
Hélio Castroneves –

Como uma ferida que está cicatrizando.

ISTOÉ – Poderia traduzir o que foi para você ser algemado?
Hélio Castroneves –

Posso. Foi humilhante.

ISTOÉ – Muitas pessoas perguntam: “Como o Hélio conseguiu vencer Indianápolis se ele estava afastado das corridas?” Teve algum sinal de que conseguiria o tri?
Hélio Castroneves –

Primeiro, não deixei de me preparar fisicamente. Segundo, estava focado no caso. Quando tudo acabou, a equipe me deu condições de vencer Indianápolis.

ISTOÉ – Essa vitória teve algum significado especial?
Hélio Castroneves –

Por tudo que passei, teve um sabor diferente.

ISTOÉ – Como era o dia a dia enquanto estava afastado das pistas?
Hélio Castroneves –

Tinha reuniões com advogados e ia para a corte. Passava os dias pensativo, confiante e rezando

ISTOÉ – Como foram os momentos anteriores ao veredicto final do júri?
Hélio Castroneves –

Estava muito cansado mental e fisicamente; praticamente nem escutei

Fui abraçado pelos meus advogados. A primeira coisa que fiz foi agradecer a Deus. Depois, liguei para o Roger Penske (dono da escuderia pela qual o piloto corre).

ISTOÉ – Qual, na sua análise, foi a parte mais crítica do julgamento e por quê?
Hélio Castroneves –

Foi ter a certeza da inocência e ainda ser julgado por todos.

ISTOÉ – O que planeja conquistar no campo profissional?
Hélio Castroneves –

Meus planos… continuar trabalhando duro para conquistar o campeonato e ser competitivo para vencer corridas!

ISTOÉ – Como se vê daqui a dez anos?
Hélio Castroneves –

Obviamente, gostaria de estar correndo, seja na Indy Car, seja na Sport Car. Mas, se isso não acontecer, quero estar envolvido com automobilismo, pois fiz isso a minha vida inteira.