22/10/2003 - 10:00
Tratamento para celulite, aplicação
de toxina botulínica, peeling e outros tratamentos de beleza sempre foram considerados coisa de dondoca. Não porque o desejo de um retoque nos contornos seja exclusivo delas, mas porque os preços dos procedimentos restringem o sonho de corrigir pequenos defeitos a mulheres com conta bancária polpuda. A Sociedade Brasileira de Medicina Estética (SBME), porém, quer mudar esse conceito. Para criar um espaço de especialização e
pesquisa para os médicos interessados na área, a entidade criou
um ambulatório que atende apenas pessoas que não podem pagar
pelos procedimentos. Felicidade geral. Médicos e pacientes circulam sorridentes pelos corredores dos dois serviços em funcionamento,
em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Entre os tratamentos oferecidos, estão depilação a laser, aplicação de toxina botulínica, procedimentos contra varizes, celulite e estrias. As pessoas interessadas no atendimento passam por uma triagem e precisam provar que não têm mesmo condições de pagar tratamentos em clínicas privadas. Depois desse processo, é marcada uma consulta para que o médico determine o que deve ser feito.
Uma das pessoas que se beneficiaram do serviço é a cabeleireira Marli Aparecida Pitelli, 43 anos, de São Paulo. Ela procurou a sociedade há
seis meses. “Fui porque uma amiga havia feito tratamento lá, mas não acreditava que iria dar certo”, lembra. Marli imaginava que levaria muito tempo para ser chamada. No entanto, foi contatada oito dias depois
da inscrição para a primeira consulta. A cabeleireira tratou olheiras e a celulite, que a atormentava. Também teve o lóbulo das orelhas redesenhado. Tudo por sugestão de uma médica da entidade. “Já inscrevi minha filha e ainda pretendo fazer mais algumas coisas. Em casa pode faltar dinheiro para tudo, menos o da condução para ir às consultas”, afirma. Marli mora no Tucuruvi, na zona norte da capital paulista, e leva uma hora de ônibus para chegar ao Pacaembu, onde fica a sociedade.
Para o presidente da regional São Paulo da entidade, o dermatologista Valcinir Bedin, a iniciativa é animadora. Afinal, ficar mais bonito eleva
a auto-estima e melhora até a qualidade de vida. Por isso, por que
não tornar a beleza mais acessível? “Não se deve restringi-la a alguns.
É preciso disseminá-la por todas as camadas sociais. Esse é o nosso objetivo”, garante. A SBME pretende abrir ambulatórios em outras
regiões do País. A próxima unidade será inaugurada em Salvador (BA),
no meio do ano que vem.