Lula impõe novo vexame ao PMDB
Na quarta-feira à noite, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, reuniu-se com o presidente do Senado, José Sarney. Combinaram a seguinte tática: vamos sumir do mapa por alguns dias. Motivo: receberam do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a notícia de que o presidente Lula só nomeará os ministros do PMDB no ano que vem. O pobre Renan não sabe mais o que fazer. No início deste ano, em plena negociação para a entrada do PMDB no governo, Lula negou-se a nomear representantes do partido no ministério. Renan e a cúpula do PMDB anunciaram à imprensa que tudo bem, os ministros viriam em março ou abril. Depois, que seria em junho ou julho. Até que, após um novo encontro com Lula, Renan anunciou que outubro era o mês da reforma ministerial. Chegou a dar entrevista às páginas vermelhas de ISTOÉ, há duas semanas, propondo que neste mês, com a entrada do PMDB no governo, o partido fizesse logo sua convenção para eleger o novo presidente da agremiação. Agora vem o governo e, novamente, enrola o PMDB. Renan, Sarney e companhia tiveram que engolir em seco. Mas, nos bastidores, estão rangendo os dentes.

O bruxo

O bruxo marqueteiro hispano-americano Carlos Pedregal esteve reunido com a cúpula do PFL no último final de semana, em Brasília. Deixou os pefelistas de cabelo em pé. Disse que Lula conquistou corações e mentes das classes C, D e E e que, por isso, poderá ficar até 20 anos no poder.

Lula versus Cristovam

No Dia do Professor, Lula fez um elogio público ao ministro da Educação, Cristovam Buarque: “Duvido que tenha alguém mais afinado, mais comprometido com a educação.” Horas antes, falou mal para um parlamentar amigo: “O Cristovam está trazendo 100 professoras a Brasília. Era melhor que ele fosse às escolinhas das professoras…”

Na mira

Pode dar bolo o seminário internacional sobre Alca, terça-feira 21 na Câmara dos Deputados. O representante dos EUA num dos paineis será o secretário comercial adjunto Peter Allgeier. O mesmo que, em agosto, no Rio, levou uma torta na cara.

Morosidade da Justiça

Andrelino Rodrigues de Morais doou 52 hectares para a construção
de Goiânia em troca de de 48 mil m2 em terrenos para seus
filhos na cidade. O doador morreu, assim como seis de seus
nove filhos. Ninguém recebeu nada. O caso, que estreou na
Justiça em 1953, hiberna há meio século. Os três sobreviventes
têm entre 73 e 83 anos.

Até no Palácio

Um ministro do Palácio do Planalto sentiu cheiro de corrupção no prédio poucos meses depois de assumir. Soube pelo seu motorista que não estava sendo entregue aos funcionários do Palácio um kit de lanche composto por sanduíche, chocolate, refrigerante e uma fruta, devidamente licitados. O motorista e seus colegas só recebiam o sanduíche, com pão velho.

Encontro e desencontro

PSDB e PPS vão fazer um encontro entre as duas cúpulas no Hotel
Glória do Rio de Janeiro no próximo dia 24. Não deve sair grande
coisa. Serve só para aproximar dois partidos que sempre estiveram próximos. E para irritar o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes.
Ele odeia o tucanato. É do PPS, mas joga com Lula contra o presidente do partido, Roberto Freire.

Rápidas

• Notícia do jornal Folha do Amapá: O governador Waldez Góes (PDT) empregou 60 parentes na administração. O clã custa mensalmente mais de R$ 152 mil aos cofres públicos.

• O Palácio do Planalto quer matar de susto o PT gaúcho. Está propondo uma aliança local com o PPS do ex-governador Antônio Britto, inimigo mortal da legenda nos pampas.

• Leonel Brizola não vai à homenagem da Câmara Municipal do Rio ao senador Jefferson Péres (PDT-AM). Resolveu viajar para não encontrar com o ministro pedetista Miro Teixeira.