Há tempos, o artista filho de alemães, nascido no Rio de Janeiro e criado em São Paulo, vem pensando em realizar uma exposição com desenhos, a sua prática cotidiana, antes de transformá-los em singulares esculturas ou azulejos. “O desenho é a minha forma de expressão mais imediata. Num certo sentido é a matriz do meu trabalho.” A atual mostra traz dezenas de desenhos a nanquim e apenas dois grafites e um carvão. Todos, no entanto, guardam a mesma origem de forte acento erótico, grande parte com referências mitológicas, e, sem exceção, carregando sutis toques de humor inteligente. Dos traços de Raiss explodem uma sensualidade bruta, porém nada vulgar. Notam-se a violência das paixões, a força do desejo, a fantasia como arma orgástica. Nos 12 azulejos artesanais, feitos especialmente para a exposição, o artista recorre aos elementos míticos do mar. Mas com outro viés de humor, a exemplo do “sereio” segurando um “sereiozinho”. Ou então do peixe buscando como isca o órgão sexual masculino. É um universo fantasioso, feito com prazer para provocar prazer.