09/11/2005 - 10:00
Se algum desavisado escutar a dançante Alala vai achar que se trata de algum rebento tardio da onda electropunk de Nova York. Estão lá as mesmas guitarras sujas envelopadas numa boa produção eletrônica e as mesmas letras em inglês debochado. Mas basta aparecer as primeiras palavras em português para o ouvinte incauto saber que a banda em questão está mais para a Blitz dos primeiros anos que para uma Miss Kittin qualquer. Com o primeiro disco nas lojas, o sexteto paulistano Cansei de Ser Sexy, formado por um baterista e cinco garotas, entre elas uma gracinha de vocalista que atende pelo nome de Lovefoxxx, vive de deliciosos paradoxos.
Formada há dois anos, a banda tornou-se cult no circuito underground, virou campeã de visitas no site eletrônico da gravadora Trama e se apresentou no Tim Festival sem sequer ter um disco lançado. Na sequência, o CSS apareceu nas chamadas do seriado Simple life com a divertida Meet Paris Hilton e teve Computer heat selecionada para a trilha de um game. Ganhou ainda frases elogiosas em um jornal inglês, ao mesmo tempo que passou a ser desprezado pelos mesmos jovens que o elegeram, em um comportamento típico do tal “mundinho”. Mas Cansei de Ser Sexy (Trama) é mesmo bom, e as meninas (e Adriano Cintra, também produtor) mostram que têm combustível para sobreviver à moda. Basta ouvir Off the hook e a provocativa Bezzy, toda em português. Existe uma diferença pequena entre o CSS e Kelly Key, por exemplo. Mas no mundo pop essa pequena diferença é o que conta. E o “mundinho” que se dane.