Que atire a primeira pedra quem nunca se irritou com barulho de celular. Seja em uma chamada inconveniente dentro da sala de cinema, seja nos repetitivos avisos de bateria fraca ou na mensagem nova na caixa postal, o indispensável aparelho pode deixar qualquer um à beira de um ataque de nervos. Quase qualquer um. Isso porque um grupo de jovens americanos resolveu rever esses conceitos. Sob o nome de Simple TEXT – e influência de artistas inovadores de nova mídia do Reino Unido –, traçaram uma linha tênue entre ruídos muito incômodos e musicalidade. Penderam para o segundo lado e transformaram o que é tachado de chato em uma grande e moderna performance musical.

O show audiovisual para cerca de 100 pessoas, que dura de 30 a 60 minutos, consiste basicamente na harmonização de três computadores, um sintetizador, dois projetores e muita interatividade. A partir desses elementos, cria-se um constante diálogo entre os três artistas e criadores do projeto – Jonah Brucker-Cohen, Tim Redfern e Duncan Murphy – e o público. Os participantes trocam mensagens de texto (SMS) por meio de seus celulares que são instantaneamente reproduzidas em um dos telões. Ao mesmo tempo, o som dos aparelhos é captado pelo sintetizador e transformado em música. Os elementos visuais, como imagens capturadas da internet na hora pelo próprio público em seus laptops e outras de arquivos pessoais dos artistas, são controlados de acordo com a rapidez com que a troca de SMS acontece em cada performance. A sonoridade dos aparelhos tem a velocidade regulada pelos sintetizadores, o que transforma sons desordenados em pura melodia. E tudo em tempo real.

A novidade, no mínimo inusitada, que musicalmente deve soar como um insulto para grandes maestros, tem despertado muita curiosidade mundo afora, com shows nos Estados Unidos e em toda a Europa. Péssima notícia para os que acham que o toque do celular incomoda. A música que sai deles é mais alta ainda.