09/11/2005 - 10:00
Criar condições para que as pessoas trabalhem, produzam alimentos e tenham lugar para morar nunca fez mal à imagem de ninguém. Muito menos à de políticos e administradores. O governo do Rio Grande do Norte é um exemplo da tese. Nos últimos meses, a avaliação positiva cresce graças a projetos que ajudaram a solucionar parte das necessidades básicas da população. De acordo com uma pesquisa do instituto Databrain com 1.112 pessoas no Estado, feita entre 25 e 26 de outubro, 66% aprovam a atuação do governo estadual e 67,9% dão conceitos positivos ao desempenho pessoal da governadora Wilma de Faria, do PSB. Animada, ela decidiu disputar a reeleição em 2006, mas há quem diga que possa trocar o projeto pelo sonho de ocupar uma vaga no Senado.
São bons frutos colhidos da decisão de privilegiar investimentos em setores estratégicos, como habitação, agricultura, geração de empregos e turismo. Com 401 quilômetros de litoral, um dos mais belos e rústicos do planeta, o Estado é hoje o segundo destino cultural nordestino, atrás da Bahia. Um forte programa de treinamento de mão-de-obra e construção de hotéis, pousadas e centros de convenções ajuda a atrair 1,7 milhão de turistas, 240 mil deles estrangeiros. Cartão-postal de Natal, a praia de Ponta Negra reflete essa invasão na mistura de idiomas ouvidos à beira de suas águas de tons esverdeados.
Na agricultura, a tentativa de revitalizar o sacrificado campo potiguar – quase 90% do território faz parte do chamado polígono da seca – iniciou-se com a recuperação de empresas estaduais de pesquisa e assistência tecnológica como a Emater e a Emparn. Depois, R$ 115 milhões foram distribuídos em créditos para 75 mil agricultores com até dez hectares e mais R$ 45 milhões investidos a fundo perdido em obras de infra-estrutura, abastecimento de água e construção de pequenos açudes para produtores reunidos em associações. Médios e grandes produtores não foram esquecidos. Projetos de financiamento e irrigação ajudaram a consolidar tendências surgidas nas últimas décadas no setor agropecuário, hoje líder nacional na produção de melão, banana, melancia e camarão, e segundo colocado, atrás do Ceará, num produto-símbolo da região: a castanha de caju.
Aprovação – Outra grande rota de ataque é a habitação. O déficit de 120 mil moradias, um dos maiores do País em termos proporcionais, é enfrentado com medidas que unem rigor e criatividade. Até meados do ano que vem, 35 mil famílias terão recebido a primeira casa ou feito uma reforma estrutural em construções já habitadas. Obra de um dos mais aprovados projetos do governo, o Casa da Gente. Além das novas habitações populares, financiadas para famílias de sem-teto e para as que moram de aluguel, os casos de reformas são solucionados com o inventivo Cheque Reforma. Trata-se de uma doação de R$ 1.500 para serem usados na compra de material para novos quartos, banheiros ou obras de estrutura. “Não tinha mais esperanças de ter meu próprio cantinho. Parece um sonho”, confessa a dona-de-casa Erineide de Souza, 39 anos, da janela da primeira casa própria de sua vida, no Jardim Progresso, zona norte de Natal. Até meses atrás ela era uma sem-teto espremida entre centenas de famílias no assentamento de Parque dos Coqueiros, a alguns quilômetros dali.
O sistema de geração de empregos no Rio Grande do Norte é considerado modelo por instituições internacionais e pelo governo federal. São projetos como o Programa Estadual de Qualificação (R$ 4,7 milhões investidos na preparação de mão-de-obra de 20 mil pessoas), Primeira Chance (6.368 estagiários remunerados entre 16 e 24 anos colocados em empresas), Jovem Empreendedor (cursos de informática e orientação para obter microcrédito para sete mil formandos do ensino médio até o final de 2006) e Aprendiz Cidadão (cursos profissionais e estágio de meio salário mínimo, com acompanhamento psicológico, para quatro mil estudantes de 16 e 17 anos). “Foi a minha salvação”, revela o natalense Raphael Miranda, 19 anos. “Minha ansiedade diminuiu e a auto-estima foi para o céu”, acrescenta o amigo Ítalo Borges, fluminense de Volta Redonda radicado desde criança em Natal. Alunos do Primeira Chance foram contratados por uma das agências dos Correios mais importantes da cidade, no bairro de Petrópolis. Enquanto seu futuro não se define, a governadora está com um olho nos programas sociais e outro na maré, para ver se ela sobe ainda mais e ajuda a viabilizar os próximos caminhos políticos.