15/10/2003 - 10:00
Médicos e entidades como a Organização Mundial da Saúde sempre insistiram que o leite materno é o melhor alimento para os bebês. A recomendação é a de que as crianças sejam alimentadas só no peito até os seis meses e que continuem mamando entre as refeições, até completar dois anos. Mas dados do Ministério da Saúde mostram que as brasileiras amamentam seus filhos por 24 dias, em média. Diante de marca tão pequena, os especialistas estão fazendo nova ofensiva para reforçar a importância do aleitamento. Na semana passada, o tema foi alvo de uma campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria, que teve como madrinha a atriz Luiza Tomé, mãe de Adriana e Luigi, de três meses. Ela garante que a trabalheira de amamentar dois, em geral ao mesmo tempo, vale
a pena. “Não há nada mais lindo do que aqueles olhinhos mirando
a gente de baixo”, diz.
Além do fortalecimento do vínculo afetivo, a amamentação fornece
ao bebê os nutrientes necessários nos primeiros meses de vida. E mais: “Para mamar no seio, o bebê tem de abrir bem a boca. Isso estimula o correto funcionamento da mandíbula e a respiração pelo nariz”, explica
a dentista Fernanda Molina. Ela é a criadora do projeto Mame, que leva informações sobre a amamentação para os pais que habitam o interior.
O leite materno é útil mesmo quando o bebê fica internado, sem poder mamar. “Damos o leite da mãe por meio de sonda. Isso ajuda na recuperação”, afirma Artur Delgado, pediatra do Hospital das Clínicas
de São Paulo. Para o pediatra Leonardo Posternack, de São Paulo, no entanto, não basta apenas explicar a importância do leite materno.
É preciso dar condições para que as mulheres amamentem. “Acho hipócrita repetirmos que as mães devem amamentar sem discutirmos
as questões sociais envolvidas. Muitas não amamentam por mais tempo porque precisam voltar ao trabalho, por exemplo. Às vezes me parece
que essas campanhas esquecem de discutir formas para que consigam seguir as recomendações”, pondera.