Uma bomba tripla vai cair no colo do próximo ministro do Trabalho. Cuidadosamente guardadas nos armários do gabinete estão três auditorias cabeludas que relatam desvios de recursos do Plano Nacional de Requalificação Profissional (Planfor), programa bancado com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). As investigações atingem em cheio três centrais sindicais: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Rio Grande do Sul, afinadíssima com o PT; a Força Sindical, ligada a partidos de direita, como PFL e PTB;
e a Social Democracia Sindical (SDS), apadrinhada do tucanato. O montante da grana desviada, de alguns milhões de reais, simplesmente se evaporou em cursos fantasmas. As auditorias foram determinadas em agosto pelo Tribunal de Contas da União, quando surgiram as primeiras notícias de envolvimento da Força com irregularidades,
e concluídas há um mês pela Secretaria Federal de Controle. Vai
ser no mínimo curioso saber como o Partido dos Trabalhadores resolverá o problema com as centrais de trabalhadores.
 

Apagar das luzes (no Senado)

O presidente do Senado, Ramez Tebet, aproveitou o corre-corre
de fim de ano para tomar uma decisão, no mínimo, polêmica.
Contratou sem licitação a Fundação Universitária de Brasília (Fubra)
para fazer “campanhas promocionais, publicidade e marketing”. O contrato é de R$ 542 mil. Mas o Senado já tem uma tevê pública,
uma rádio e uma grande estrutura de comunicação pagas pelo contribuinte. No orçamento de 2003, esse aparato de comunicação
do Senado pediu nada menos que R$ 42 milhões para funcionar.
Fazer publicidade, como se disputasse mercado, parece estranho.

Apagar das luzes (na Câmara)

Na surdina, assim como quem não quer nada, a Mesa da Câmara criou na última semana mais 100 cargos em comissão, que se somarão aos 400 já existentes. Quase todos serão ocupados por apadrinhados de políticos. E os salários não são maus: vão de R$ 3 mil a R$ 8 mil.

Apenas educado com o PFL

A propósito de nota publicada nesta coluna na semana passada
– dando conta de que o presidente do Banco Central, Armínio Fraga,
teria prometido ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen, que ajudará
os partidos de oposição ao futuro governo –, Armínio esclarece: “De
fato fui procurado por Bornhausen e tivemos um encontro muito
cordial. Naturalmente, fui educado. Mas não há hipótese de eu fazer oposição ao governo Lula. Pelo contrário, estou disposto a ajudar.”

Guerra no PSB

O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, está se lançando candidato a presidente do PSB. Até aí tudo bem. O problema é que, nas suas conversas reservadas, tem dito que vai varrer da legenda o ex-candidato à Presidência da República Anthony Garotinho. Quem responde é o presidente do PSB do Rio, Alexandre Cardoso: “O Lessa não engana ninguém. Ele ataca o Garotinho, mas quer mesmo é derrubar o Miguel Arraes (ex-governador de Pernambuco). Só vai conseguir se queimar.”

Rápidas

No Planejamento, por exemplo, a vaga pode estar sendo
guardada ainda para Carlos Lessa. Tem o apoio de Roberto
Requião, Orestes Quércia, José Sarney e Pedro Simon.

Mesmo desmanchando a aliança formal com o PMDB,
Lula deixou vários ministérios em aberto. A idéia é trazer
uma parcela do partido e negociar o resto caso a caso.

A palavra de ordem no trato entre PT e PMDB agora é
derrubar a cúpula peemedebista. A candidatura de Renan
Calheiros a presidente do Senado corre sério risco.

 

Logo depois que recebeu telefonema de José Dirceu
desmanchando o acordo PMDB-PT, o deputado Michel
Temer retomou sua candidatura a presidente da Câmara.