15/10/2003 - 10:00
A investigação sobre negociatas armadas por funcionários do INSS e da Receita Federal do Rio de Janeiro para anular e remanejar dívidas de empresas transformou-se numa queda-de-braço entre o corregedor-geral da Receita, Moacir Leão, e o secretário Jorge Rachid. Um dos grampos feitos com autorização judicial teria captado a conversa entre o secretário adjunto Leonardo Couto – há um mês investigado pela corregedoria – e o fiscal carioca Flávio Franco Correa, em que este último afirma que a única forma de controlar a ação de Leão é dando-lhe um “tiro na cabeça”. Apesar de alegar
que a expressão foi usada no sentido figurado, Couto pediu exoneração. O episódio detonou uma troca de ataques. Leão acusou Rachid
de dificultar seu trabalho. O secretário respondeu, criticando o vazamento de informações. “O crime não pode ser protegido
por sigilo”, rebateu o corregedor.
O motivo da briga pouco tem a ver com as investigações e muito com a disputa de poder na Receita entre o grupo que ascendeu com o governo Lula – ao qual Leão está ligado – e os remanescentes, entre eles Rachid.
Leão saiu desgastado. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, determinou que a investigação sobre Leonardo Couto fosse transferida para sua pasta. O procurador Manoel Felipe Brandão, encarregado por Palocci de cuidar do caso, disse que Leão (foto) está mais preocupado em combater a atual administração da Receita do que coibir a corrupção.