26/10/2005 - 10:00
Arte
Rubem Ludolf – pinturas recentes (Galeria Berenice Arvani, São Paulo) – Mesmo depois de cinco décadas de atividade, o pintor alagoano radicado no Rio de Janeiro Rubem Ludolf se confessa apreensivo com a nova exposição de 20 trabalhos realizados entre 2000 e 2005, que traz curadoria de Celso Fioravante. É que o artista – “numa fase muito colorida”, como diz – decidiu ampliar o leque de sua paleta sem abrir mão, claro, da rigorosa disposição dos planos geométricos. O resultado é uma alegria para os olhos. A sucessão de verdes, rosas, vermelhos, azuis, laranjas, roxos e outras tonalidades vivas interpenetra-se em jogos óticos como só um grande representante do neoconcretismo é capaz. Formado em arquitetura, o pintor de 74 anos dispensa os computadores. Cria seus paradoxos visuais direto da prancheta, com uma juventude que encanta. Não perca. (Ivan Claudio)
Livros
Cultura & elegância (Editora Contexto, 240
págs., R$ 53), organização de Jaime Pinsky –
Um ovo de Colombo. Guia que pretende diferenciar o ser urbano do Neanderthal de terno e gravata através de listas e listas, devidamente destrinchadas, assinadas por gente que entende, como Luciano Ramos (cinema), Moacyr Scliar e Daniel Piza (literatura), Dalal Achcar (dança), Luiz Trigo e Dad Squarisi (viagens), Júlio Medaglia e Carlos Calado (música) e Alberto Guzik (teatro), entre outros, trazendo o que ler, o que ouvir, o que ver, que países, que lugares, que museus visitar, que regras sociais obedecer. Quem assina a apresentação é a elegância personificada, a psicanalista Eleonora Mendes Caldeira. Leia sem parar. (Luiz Chagas)
Discos
Late registration, com Kanye West (Universal) – Quem ainda torce o nariz para o rap tem no lançamento deste segundo disco do americano Kanye West a ocasião perfeita para rever seus (pré)conceitos. Inventivo do início ao fim, o disco explode em grandes idéias musicais, com produções de primeira. Em Touch the sky, por exemplo, West rima sobre sampler de Move on up, de Curtis Mayfield, trocando todas as terminações em “y” por “a”, com aquela ginga típica dos negões do hip hop. Na mesma linha, com uma força do ator Jamie Foxx ele turbina Gold digger, adornada pelo refrão de I got a woman, de Ray Charles. Mas a surpresa mesmo se dá ao surgir a voz metálica da Shirley Bassey de Diamonds are forever, tema de um remoto 007, na faixa Diamonds from Sierra Leone. Sem o discurso sexista e a repetição de seus colegas, West promove uma festa sonora que não deixa ninguém sentado. Ouça sem parar. (Ivan Claudio)