01/01/2003 - 10:00
Mulheres de todo o mundo, uni-vos! A revolução está de volta. Não, não se trata de nova convocação do movimento feminista para queimar sutiã em praça pública. O motivo do alerta geral do momento é o retorno triunfal das minissaias. A revolucionária moda que abalou os anos 60 promete dominar o ano que vem. Ao que tudo indica, um exército feminino com pernas de fora ocupará as ruas, exaltando o estilo sensual da mulher brasileira. Se antes a peça terminava um palmo acima do joelho, na versão 2003 a criação inglesa vem com menos pano ainda – terão entre 43 cm e 33 cm e cinturinha baixa.
A tendência das minis, comportadas ou não, foi antecipada por vários estilistas em praticamente todas as passarelas do mundo da moda. Em Paris e Milão, Stella Mc Cartney, filha do ex-beatlle Paul, apresentou o desenho de seus modelos com um toque sensual, marca registrada de seu trabalho. Christian Dior, Dolce & Gabbana (e sua linha D&G) também apostaram suas fichas nas minissaias. Até mesmo a clássica Chanel, famosa por seus tailleurs de estilo, longe de ser ousada, se rendeu ao charme das saias bem curtinhas.
A peça também foi confirmada no último São Paulo Fashion Week, em julho, como tendência para o próximo ano. “Combina com nosso clima, deixa a mulher mais jovem e serve para qualquer ocasião”, diz Tufi Duek, proprietário da Forum. A Levi’s do Brasil também investirá na tendência. “Há algum tempo as calças vêm perdendo espaço para as saias”, justifica Sarita Del Pozzo, estilista da Levi’s. Além do jeans, as minissaias virão com tecidos diversificados, como algodão, cetim, sarja e seda. No inverno, a tendência deve continuar. Mas os acessórios mudam. Saem as sandálias (baixinhas ou de salto) e entram as botas e os scarpins.
Outra forte referência européia que promete ser sucesso nos corpos dessa tropa são os modelos militares traduzidos em calças e saias cargo ou utilitários. No Brasil essa tendência foi antecipada pelo estilista Reinaldo Lorenço há três coleções. “Desfilei as ‘combates’ e aí vieram os modelos inspirados nos pára-quedas e militares”, lembra. Reinaldo conta que depois do atentado às torres do World Trade Center os estilistas europeus puseram bolsos em suas criações. O motivo é um tanto bizarro. Eles pensaram nas mulheres que não tinham onde carregar seus celulares e que em meio ao desespero não puderam acionar seus maridos.
A consultora de moda Costanza Pascolato, entretanto, alerta que as peças cargo pedem truques especiais para não deixar o visual pesado. “Colo, barriguinha e ancas de fora ajudam”, ensina. Nos pés, o look pede sandálias bem femininas. “De preferência, com salto fino e tiras delicadas”, completa. Blusas com transparências e bordados também são bons aliados nessa busca pela feminilidade utilitária. Mas se no visual urbano as mulheres devem fazer de tudo para se manter femininas, à beira-mar a novidade é exatamente o oposto: bermudas de surf nelas! Manjado em muitas passarelas européias, há muito o estilo surf girl havia arrebanhado adeptas cariocas. Agora deve ganhar espaço nas demais praias do Brasil. Na orla – e só nela –, vale abusar do look garotinha de praia. “Nas grandes cidades, composições mais sóbrias caem melhor”, conclui Costanza.
Trocando em miúdos, minis, cargos e bermudões são sobretudo uma alternativa aos looks excessivamente românticos e cheios de fru-frus que há dois ou três anos dominam grande parte de nossas vitrines. Detalhe: os modelos das saias exigem pernas bem cuidadas, se possível longas, e pés impecáveis. A revolução das minis está de volta, mas continua mantida a ditadura do corpo perfeito. Tudo bem. A causa e as minissaias são justas. À luta, companheiras!