Começa a dar sinais de cansaço o namoro do cineasta espanhol Carlos Saura com o universo da dança flamenca. Depois de assinar bons filmes como Bodas de sangue e Carmen, Saura tenta repetir a dose nesta coreografia baseada na história da personagem bíblica, que pediu a Herodes a cabeça de São João Batista. O resultado visual é bonito como sempre, mas trata-se de uma beleza fria, feita de forma burocrática e sem a paixão dos títulos anteriores. Mais uma vez Saura mostra os bastidores da encenação. As entrevistas com o elenco, contudo, são superficiais. O mesmo se passa com as observações afetadas de um diretor fictício. Salva-se mesmo é a coreografia pontuada de momentos inspirados a exemplo da caracterização de São João Batista como um dervixe em dança circular sobre um tablado.