O cartaz anuncia a maratona jazzística do Dia de Ação de Graças – 29 de novembro – no Carnegie Hall de Nova York: Miss Billie Holliday, Dizzy Gillespie, Ray Charles, Chet Baker, Sonny Rollins e o quarteto do pianista Thelonius Monk com o saxofonista John Coltrane. O ano: 1957. Qualquer fanático por jazz sabe o que isto significa. Este show, agora lançado em Thelonius Monk Quartet with John Coltrane at Carnegie Hall (EMI), se incluía naqueles rápidos seis meses em que esse lendário quarteto existiu, gravou pouca coisa e só ficou lembrado pelas apresentações no clube Five Spot, pessimamente registradas. Sua descoberta se deu por acaso, em fevereiro, quando o responsável pelo setor de gravações da Livraria do Congresso americano deparou com uma caixa contendo uma fita. Trazia escrito apenas “T.Monk”. “Quando a toquei, reconheci Monk e Coltrane e meu coração disparou”, afirma Larry Appelman, o descobridor de um dos mais fantásticos registros da história do jazz. Em dois sets – o primeiro com cinco clássicos, como Monk’s mood, Crepuscule with Nellie e Epistrophy, e o segundo com mais quatro, entre eles Blue monk –, o que se ouve são 51 minutos de puro milagre musical.