Eles são muito admirados pelos americanos, talvez levados pela ilusão do “eu sou você amanhã”. Nenhum é Dustin Hoffman, brilha na NBA, joga tênis com as irmãs Williams, conseguiu conquistar Julia Roberts, ninguém quebrou cassino em Las Vegas. Eles são os dez primeiros da lista anual de 400 bilionários e muito ricos americanos que a revista americana Forbes divulga anualmente. O primeiro está lá há anos. Até uma criança sabe que é Bill Gates, 47 anos, o dono da Microsft e de US$ 46 bilhões, casado, pai de três filhos, símbolo do self made man que abandonou a Universidade de Harvard no meio para tocar a vida com teorias próprias. Sem diploma criou a Microsoft. O segundo é o mais velho dos dez primeiros, 72 anos, também self-made man, Edward Warren Buffett, com uma fortuna de US$ 36 bilhões. Buffett, dono da Berkshire Hathaway, é um investidor que não tropeça nunca – se não houver um atentado como o do World Trade Center, há dois anos. Perdeu US$ 3,8 bilhões em seguros. Mas não perdeu a cabeça nem a condição de segundo homem mais rico do mundo.

Buffett é casado e tem três filhos – que certamente sucederão ao pai na lista como a família Walton, herdeira de Sam Walton, que morreu em 1992, exatamente 30 anos depois de ter criado seu primeiro e pequeno mercado em Rogers, Arkansas. Surgia o Wal-Mart, a maior rede de varejo do mundo. A família controla 38% da empresa. John, 57 anos, é diretor e tem uma fortuna de US$ 20,5 bilhões; Helen, a viúva de Sam, tem outros US$ 20,5 bilhões; Robson, 59, divorciado, é o principal executivo e também tem seus US$ 20,5 bilhões, o mesmo acontecendo com Alice, 54 anos, divorciada, outra filha de Sam, que herdou a mesma quantia e cria cavalos numa fazenda no Texas. Resta Tim, US$ 20,5 bilhões, casado, quatro filhos, presidente do Banco Arvest. Nenhum deles pode reclamar da vida. Não precisaram nem de uma modesta boa idéia para ganhar dinheiro. Herdaram essa dinheirama do genial Sam Walton, que, dizem, se estivesse vivo seria duas vezes mais rico que Bill Gates. Puro capricho, porque nessa família bilionária sobra dinheiro para muitas e muitas gerações de herdeiros. No ano passado doaram mais de US$ 750 milhões a ações de educação. Eles ocupam cinco posições entre os dez mais.

Sobra lugar para o terceiro da lista, Paul Gardner Allen, 50 anos, solteiro. Fez a fortuna de US$ 22,2 bilhões sem nenhum diploma. Ele caiu fora da Washington State University para ser co-fundador da Microsoft. Tem US$ 5 bilhões em ações da Microsof e uma empresa de investimentos, a Vulcan Ventures. É um colecionador apaixonado que se uniu a Bill Gates em 1975 e deixou a empresa em 1983, para curar um câncer.

Mais dois “drop out”, como a língua inglesa define os que deixam a escola: Lawrence Joseph Ellison, 59 anos, cara de cantor antigo de rock, três divórcios e dois filhos, deixou para trás o diploma da University of Illinois e tornou-se o principal executivo da Oracle, uma estrela de software do Vale do Silício, com fortuna de US$ 18 bilhões; e Michael Dell, 38 anos, self-made man, criador da Dell, o maior vendedor do mundo de PCs HP e Apple. Já fez US$ 13 bilhões, já se casou e já é pai de quatro crianças. Não precisou voltar à escola – o que parece ser uma insólita característica dos bilionários.