01/10/2003 - 10:00
Aos olhos de hoje, os efeitos especiais desta fábula social do italiano Vittorio
De Sica podem até parecer toscos. Mas a tragicômica história de Totó ainda guarda o seu encanto. Realizado entre Ladrões de bicicletas (1948) e Umberto D (1952), o filme foi até bem ousado ao injetar fantasia na fórmula sisuda do neo-realismo. Em tom chaplianiano,
De Sica segue os passos do ingênuo protagonista por uma Milão gelada e mergulhada na miséria do pós
-guerra. Abandonado pela mãe numa plantação de repolhos, Totó
foi criado por uma mulher solitária, e, com sua morte, vai para um orfanato. Ao sair, junta-se aos sem-teto numa favela cobiçada por esconder um poço de petróleo sob os casebres. Entre as cenas inesquecíveis, a do garoto pressentindo a morte da velha senhora,e depois seguindo sozinho o seu enterro pela cidade cinza merecem
ser vistas inúmeras vezes.