12/10/2005 - 10:00
Arte
Lothar Charoux – obras inéditas – pinturas e desenhos (Dan Galeria, São Paulo) – Mal termina uma belíssima retrospectiva, em cartaz até o domingo 9, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e a sofisticada obra do artista austríaco Lothar Charoux (1912-1987) ganha nova mostra, agora só com trabalhos inéditos, 60 ao todo, garimpados durante um ano na coleção da família do pintor e escultor. Um dos grandes nomes do concretismo em São Paulo, Charoux participou, nos anos 50, do Grupo Ruptura, junto com Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Luiz Sacilotto, entre outros. Na mostra, coroada com o lançamento do livro Lothar Charoux – a poética da linha (Dan Galeria, 160 págs., R$ 100), estão desde os desenhos em nanquim e guache dos anos 50 e 60, a exemplo da série Composição, até as acrílicas dos anos 70, nas quais o jogo de linhas e planos libera a cor para uma luminosidade ainda mais vibrante. Não perca. (Ivan Claudio)
Discos
Nino rojo, com Devandra Banhart (Sum Records) – Das capas cheias de desenhos amalucados ao visual de barba e cabelos longos desgrenhados – passando obviamente pelo nome, inspirado em um guru indiano –, o poeta, artista plástico e músico americano Devandra Banhart tem tudo para posar de neohippie. E é justamente para esse lado que pende o som da rapaz de 24 anos, criado na Venezuela. Banhart alinha entre suas influências o tropicalismo, o glam rock de T. Rex e o estilo social do argentino Atahualpa Yupanqui e do venezuelano Simón Díaz. Mas seu canto de beira de estrada, com ligeira propensão ao falsete, tem raízes no blues e no folk mais crus, como se comprova neste terceiro disco, de 2004. Ouça com atenção. (Ivan Claudio)
Livros
Plim-Plim – A peleja de Brizola contra a fraude eleitoral, de Paulo Henrique Amorim e Maria Helena Passos (Conrad, 232 págs.,
R$ 28) – Como o jornalista Amorim trabalhou na Rede Globo de 1984 a 1996, muitos pensam que este livro fala sobre os bastidores que presenciou. Não. O autor investiga um fato escandaloso ocorrido em 1982: “a tentativa de fraude na eleição para governador do Rio, com o objetivo de roubar a eleição de Leonel Brizola (PDT) e eleger Moreira Franco (PDS)”, como escreve. Segundo ele, a empresa Proconsult foi escolhida pelos militares, SNI e Polícia Federal para manipular os votos – e as Organizações Globo preparariam a opinião pública para a fraude. Documentos, reprodução de conversas e notícias e entrevistas reafirmam a vocação brasileira para a política de baixo nível. Leia com atenção. (Eliane Lobato)