05/10/2005 - 10:00
Serra: o pomo da discórdia
O prefeito de São Paulo, José Serra, está por trás da declaração de guerra entre governo e oposição na eleição do presidente da Câmara. Num primeiro momento, tanto o PSDB como a ala oposicionista do PMDB viram a renúncia de Severino Cavalcanti como oportunidade de recompor o Poder Legislativo, apaziguando os ânimos e negociando um nome de consenso para presidir a Casa. Mas como o PFL insistiu na candidatura de José Thomaz Nonô (PFL-AL), Serra levou o PSDB a mudar de idéia. Convenceu os deputados de seu grupo da oportunidade de demonstrar solidariedade aos pefelistas – que sempre resistiram a apoiar sua candidatura a presidente da República –, abrindo as portas para a aliança eleitoral de 2006. O prefeito chegou a demitir temporariamente seu secretário de Educação, José Aristodemo Pinotti, que reassumiu a cadeira de deputado para votar em Nonô. Após a votação, mesmo com a derrota do pefelista, o tucano Jutahy Magalhães Júnior, um cabo eleitoral de Serra, comemorava: “O importante é o número de votos de Nonô. Ficou claro que o PSDB votou em peso, fortalecendo nossa aliança com o PFL.”
Novo homem-forte
O novo coordenador Político do Governo, ministro Jacques Wagner (foto), entrou no hall da fama do Palácio do Planalto. Esteve por trás de todas as negociações que levaram
à vitória de Aldo Rebelo e está sendo festejadíssimo pelo presidente Lula.
Pronunciamento fora da lei
A procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Ela Wiecko, notificou a Secretaria
de Comunicação de Governo pelo descumprimento do Decreto nº 5.296/04
no pronunciamento oficial do presidente da República do dia 7 de setembro, veiculado sem a janela de intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Pelo decreto, tal sistema deverá obrigatoriamente estar presente nos pronunciamentos oficiais do presidente.
Saída combinada
Antes de deixar o PT para se filiar ao PDT, o deputado fluminense Miro Teixeira (foto) acertou os ponteiros com
Lula e o ministro Jacques Wagner. Vai para o PDT para
tentar atrair o partido novamente para a base do governo.
Se possível, lançando-se candidato a governador do Rio
com o apoio do PT local.
Mau humor
O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), anda mal-humorado. Seu pai, o prefeito do Rio, César Maia, vinha pedindo que ele não concorresse ao governo do Estado, mas Rodrigo resistia: “Tive que desistir. Até minha mãe telefonou reclamando da candidatura”, revelou contrariado.
Rápidas
• A CPI dos Correios hesita em convocar o consultor mineiro Nilton Antônio Monteiro, que detonou o ex-governador do Espírito Santo José Ignácio Ferreira. Ele possui um arsenal contra tucanos e pefelistas do primeiro escalão.
• Com o peemedebista Saraiva Felipe ministro da Saúde, o PMDB do Rio cresceu o olho no cargo de coordenador regional da Funasa, que vai administrar só em saneamento, no ano que vem, R$ 70 milhões.
• Os peemedbistas decidiram pressionar o governo pela nomeação de José Costa Simonin para o cargo. Vem a ser o ex-vice-presidente da Loterj (Loterias do Estado do Rio de Janeiro) nos tempos em que Waldomiro Diniz presidiu a instituição.
• O PT prepara uma ofensiva contra o PSDB, investigando o caixa 2 das campanhas tucanas no passado. Faz parte da estratégia convocar a deputada Zulaiê Ribeiro a explicar na CPI dos Bingos os ofícios que enviou ao governo em favor da GTech.
• O governo adiou indefinidamente o envio ao Congresso da nova Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Com isso, está descartada, por enquanto, a idéia de permitir a compra de TVs pelas empresas de telefonia.