A bem da verdade
Será difícil o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu convencer alguém de que é inocente. Mas também não convence o relatório parcial da CPMI dos Correios com acusações contra ele. Pouca gente lerá com atenção a argumentação que Dirceu entregou à CPMI pedindo que seja ouvido, coisa que até agora não aconteceu. No texto, ele aponta um erro gritante no fato de o relatório ter afirmado: “Em seu depoimento nesta CPMI, a Sra. Renilda Souza, esposa do sr. Marcos Valério, confirmou que seu marido participou de reuniões com o então ministro José Dirceu e diretores do banco BMG e que o mesmo sabia dos empréstimos realizados por ele, Marcos Valério, para repasse de dinheiro ao Partido dos Trabalhadores.” No depoimento de Renilda, quem perguntou sobre o assunto foi o senador César Borges (PFL-BA): “E a reunião dele (Marcos Valério) com o ministro José Dirceu, foi no ano passado?” Renilda respondeu: “O Marcos não participou da reunião.” Depois foi a vez do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB – PA): “A senhora confirma que houve uma reunião do sr. Marcos Valério com o sr. José Dirceu?” Renilda insistiu: “Eu não estou confirmando. Eu disse que hoje, aqui, eu não falei isso”.

Votos tardios
Agora que Severino Cavalcanti entrou em desgraça, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) (foto) só tem encontrado colegas dizendo que haviam votado nele para presidente da Câmara. “Se levar a sério, vou acreditar que tive uns 600 votos”, brincou.
 
 
Outra do Severino
Uma breve consulta às atas das reuniões da Mesa Diretora da Câmara mostra que Severino Cavalcanti era useiro e vezeiro nos pedidos de vistas das decisões administrativas. Seu sucessor, Geddel Vieira Lima, conta a amigos que com isso ele atrasou por meses a fio a reformulação do sistema de empréstimos bancários consignados a funcionários.

Que mico!
Ao fundo, na foto ao lado, a residência oficial do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, na segunda-feira 5. Em primeiro plano, um pequeno mico que resolveu posar na cerca de Severino, justo na semana de seu maior calvário com as denúncias de que recebeu propina. O macaquinho foi apelidado de “Mensalinho”.
 
 
Expectativa no Planalto
Acendeu a luz vermelha no Palácio do Planalto com o horário gratuito do PTB na televisão. É que Roberto Jefferson apareceu pedindo que os eleitores cobrem moralização “do governo do presidente Lula”. Antes, ele costumava dizer que pouparia Lula. Será que no discurso da quarta-feira 14, em plenário, o presidente será alvo?
 
 
Rápidas

• Os três maiores fantasmas do PT e do governo no momento: Duda Mendonça, Delúbio Soares e José Janene. A avaliação é de que eles estão prestes a abrir suas metralhadoras contra os antigos aliados.

• Auditoria do TCU constatou 19 irregularidades no edital das obras de Transposição do São Francisco. Com isso, Ciro Gomes corre risco de não conseguir aplicar nem metade dos R$ 624 milhões reservados para o projeto no Orçamento de 2005.

• Título da reportagem de ISTOÉ de fevereiro sobre a eleição do novo presidente da Câmara: “A maldição da cadeira”. Mostrava que, desde Flávio Marcílio, em 1983, poucos presidentes da Câmara tiveram ganhos políticos com o cargo.

• Ex-presidente da Petrobras, Eduardo Dutra deixou o cargo com a desculpa de que será candidato em 2006. Mas acaba de assumir a Secretaria de Governo da Prefeitura de Aracaju, justo onde será candidato. Lá ele não vê incompatibilidade.

• Quem anda tiririca com o deputado José Dirceu é seu ex-colega de Ministério Eduardo Campos. O deputado não gostou de ter sido chamado por Dirceu para posar como testemunha de defesa na Comissão de Ética.