Dirceu versus Palocci (eles ainda se odeiam)
Se você é avesso a escândalos, não tente ouvir as conversas do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu com jornalistas no cafezinho da Câmara dos Deputados. Você pode ficar literalmente escandalizado. Dirceu está no centro de um dos maiores furacões da história do País, mas age como se nada estivesse ocorrendo com ele. Atira para todos os lados como se fosse o senhor da guerra. Pior: continua batendo em quem menos se espera. E diz coisas surpreendentes, como, por exemplo: “Não entendo como falam em me punir e nem sequer pensam em levar o Palocci (Antônio Palocci, ministro da Fazenda) ao Conselho de Ética.” O interlocutor, atônito, pergunta: “Palocci, mas por que ele?” E o Zé responde: “Ora, se o Waldomiro Diniz, que foi meu assessor, tivesse feito metade das coisas que apareceram contra o Rogério Buratti (ex-secretário de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto), eu já estaria algemado. É incrível como protegem o Palocci e como querem me linchar.” Aí é que dá para entender por que o governo Lula tinha mesmo que entrar em crise.

Enquanto isso…
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci (foto), entregou a cabeça de seu chefe de gabinete, Juscelino Dourado, mas não pensa em, ele próprio, deixar o cargo. Pelo contrário: comunicou a Lula, à boca pequena, que projeta para algo acima de 4% a taxa de crescimento do PIB até o final do ano. Prometeu: se depender da economia no ano que vem, Lula estará reeleito.
 
 
Lavanderia Planalto
No dia 19 de agosto, a Casa Civil rompeu o contrato de lavagem de roupa suja do Planalto com a empresa Braslav. No dia 22, segundo o Diário Oficial, o contrato foi refeito. Em tempo: a Braslav pertence a Robério Oliveira, o mesmo cidadão que foi preso pela Operação Sentinela, num flagrante telefônico da Polícia Federal, armando fraudes nas licitações do Tribunal de Contas da União.

Políticos em baixa
O líder do PTB, José Múcio (foto), contou no plenário da Câmara uma história que ilustra o desgaste da imagem dos políticos. Ele ia saindo de um restaurante quando lembrou que havia esquecido de pagar a conta. Rapidamente alertou o garçom, mas o freguês do lado ouviu e atalhou: “Deixa pra lá, deputado. O Marcos Valério paga!”
 
 
O risco Borba
Ex-líder do PMDB na Câmara e agora arrolado na lista dos cassáveis, José Borba (PR) ainda está decidindo se conta, no Conselho de Ética, a verdadeira história dos R$ 2,1 milhões que pegou de Marcos Valério. Boa parte teria sido mandada pelo PT para um conhecido apresentador de tevê. A pedido do Palácio.
 
 
Rápidas

• O deputado Roberto Freire (PPS-PE) quer fazer uma campanha em favor da imagem de Pernambuco: “É que estamos com problemas com dois pernambucanos: Lula lá, no Planalto, e Severino aqui, na Câmara”.

• A oposição ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, estuda cobrar-lhe explicações oficiais. Quer saber por que ele ainda mantém o contrato de publicidade da Casa com a empresa de Marcos Valério, acusado de abastecer o mensalão.

• Presidente do Senado, Renan Calheiros vive em guerra com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. Na última semana, ele venceu: enquanto Severino falava em pizza, Renan articulou nas CPIs o parecer de cassação dos 18 parlamentares.

• Tem festa no PSDB. Dois senadores estão de malas prontas para o tucanato. Trata-se de Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) e Juvêncio Fonseca (PMDB-MS). Com a saída de Juvêncio do PMDB, a oposição passa a ter maioria definitiva no Senado.

• Do ex-governador do Rio Moreira Franco, sobre as prévias no PMDB: “Acho que
elas podem nem ocorrer. E o Anthony Garotinho sair candidato a presidente da República pelo partido por aclamação.”.