Cinema
Em boa companhia (Em cartaz nacional a partir da sexta-feira 15) – O diretor nova-iorquino Paul Weitz, de American pie – a primeira vez é inesquecível, encontrou a fórmula do conto de fadas moderno ao reviver o mito do solteirão incorrigível, vivido por Hugh Grant em Um grande garoto. Agora, a bruxa malvada é a globalização e a conseqüente desumanização das relações. O executivo Dan Foreman (Dennis Quaid) perde seu cargo para Carter Duryea (Topher Grace), um nerd com metade de sua idade. A competição se torna insuportável quando a filha de Foreman, Alex (Scarlett Johansson), entra em cena. Como se vê, um dos principais trunfos de Weitz é a escolha do elenco. Quaid e Scarlett, à sua maneira, estão à vontade fazendo um delicioso contraponto com os astros televisivos Topher Grace (de That 70’s Show) e Marg Helgenberger (C.S.I.), a última na pele da senhora Foreman. Um achado. Não perca. (Luiz Chagas)

Livros
Anos 70: ainda sob a tempestade (Senac Rio, 486 págs., R$ 65) – 1970, abril: censura proíbe Maria Minhoca, de Maria Clara Machado, por conter “intenções subliminares”. 1975, outubro: morre o jornalista Vladimir Herzog, torturado no DOI-Codi. 1976: Chico Buarque lança O que será. Ler Anos 70: ainda sob a tempestade, organizado por Adauto Novaes, atende a dois sentidos: o de orientação cultural e o de atualização política. A década de 70 é marcada por lutas, construção de identidades, resistência intelectual e artística. Tudo misturado e sob o tacão do “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Os artigos – de Armando Freitas Filho, José Arrabal, José Miguel Wisnik, Heloísa Buarque de Holanda, etc. – foram publicados em 1979, em cinco pequenos volumes. Reunidos agora, os ensaios são antecedidos por comentários de seus autores sobre seu próprio texto de 25 anos atrás. Interessante confronto. Leia com atenção. (Eliane Lobato)

Discos
Chico no cinema (Universal Music) – Algumas da melhores canções de Chico Buarque nasceram para filmes, caso de Eu te amo, que embalou a nudez de Sônia Braga no longa de Arnaldo Jabor, ou Joanna Francesa, tema da personagem de Jeanne Moreau na obra de Cacá Diegues. Selecionadas em dois CDs, as 32 faixas transportam o ouvinte para alguns dos melhores filmes brasileiros, de Garota de Ipanema (1967), de Leon Hirszman, ao mais recente A máquina, de João Falcão, que traz Porque era ela, porque era eu. Na lista das inéditas, foi garimpada Linha de montagem, parceria com Novelli, do documentário de Renato Tapajós sobre as greves em São Bernardo do Campo e o surgimento da liderança sindical de Lula. As faixas aparecem em ordem cronológica, acompanhadas da ficha do filme. Tudo como deve ser. O que não se perdoa é grafar Hirszman como Hirsman, Jabor como Jabour, Alex Viany como Vianna e dar crédito a Tapajós como Paulo e não Renato. Ouça sem parar. (Ivan Claudio)