29/06/2005 - 10:00
Delfim defende novo partido
O deputado Delfim Netto (PP-SP) tornou-se uma espécie de interlocutor privilegiado de seu partido junto ao governo. Ele é um dos maiores cabos eleitorais da indicação do colega Francisco Dornelles (PP-RJ) para ministro do Trabalho e tem sugerido que o Palácio do Planalto passe o trator sobre o Congresso, enchendo a pauta de votações com uma agenda de projetos importantes para o País. Delfim anda desalentado com seu partido, com o PTB e com o PL, desde que estourou o escândalo do mensalão. “Só tem um jeito, cassar todos os envolvidos”, defende em suas conversas reservadas. Junto aos parlamentares que considera mais confiáveis, tem defendido simplesmente a seguinte tese: “Olha, esse negócio de mesada vai acabar com o PP, o PL e o PTB. Por que não juntamos aqueles que não têm nada com isso e formamos um novo partido? Vai dar uns 60 deputados, ou seja, ainda uma legenda com peso aqui no Congresso…” Em geral, seus interlocutores ficam meio surpresos. Delfim insiste: “É sério! Temos que acabar com esses partidos.”
Bandeiras novinhas
A claque petista que José Dirceu levou para assistir a seu discurso de retorno à Câmara surpreendeu pelo estilo. Não parecia a velha militância do PT, mas aqueles cabos eleitorais sob encomenda usados por partidos conservadores, com bandeiras novinhas em folha (foto). Em tempos de mensalão, o velho militante de pavilhão puído anda em baixa. Ou escondido…
Ainda vai demorar
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer, não gosta de falar sobre o aumento no número de ministérios para o partido aderir ao governo Lula. Ele lembra que a última convenção peemedebista decidiu ficar de fora do governo. Quando os repórteres insistem – “Mas se o presidente implorar?” –, só então Michel responde: “Aí, teremos que consultar novamente todas as instâncias do partido.”
Rastilho de ódio
O maior problema do comando do PT, com a crise, é administrar as marcas de ódio que deixou pelo caminho, depois que José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e Marcelo Sereno passaram o trator sobre todos os adversários. “Só vou ficar satisfeito quando ver os cinco na cadeia”, brandia na Câmara o ex-petista Fernando Gabeira (foto).
Otimismo
O deputado Paulo Delgado (PT-MG) é um dos que sempre foram tratorados, mas permaneceu no PT. Ele acha que a atual crise vai ajudar o partido a olhar para fora de São Paulo: “O comando não ficará mais restrito a um grupo de cinco pessoas. Isso vai ser uma revolução interna.”
Rápidas
• O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, informou ao seu partido. Entre o PTB e o governo, ele fica com o último. Se for preciso sair da legenda para continuar apoiando o presidente Lula, ele o fará.
• Entre os petistas, todos sabem o caminho das pedras. Se a CPI dos Correios tensionar o ambiente, o elo mais fraco do comando do PT é o secretário-geral, Sílvio Pereira, que não aceita ir para o sacrifício sozinho. Nesse caso, ele abre o bico.
• Toda vez que encontra em uma solenidade com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente Lula diz: “Precisamos conversar sobre o PMDB. Estou nos preparativos finais.” Há meses que Renan espera a tal conversa, e nada…
• Quem mais ficou surpreso com o discurso de José Dirceu não foi a oposição, mas os petistas Aloizio Mercadante, João Paulo Cunha e Marta Suplicy. Não gostaram de ver o ex-ministro dizendo que também gostaria de governar São Paulo.
• A coluna cumpre o doloroso dever de informar que o secretário executivo da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, pediu demissão. Leva consigo uma pasta com a ficha deste colunista, que montava com esmero.