20/04/2005 - 10:00
Desarticulação política
O sítio do jornalista Cláudio Humberto na internet divulgou na quinta-feira 14 uma nota com o seguinte título: “Dirceu não perdoa Trio Ternura.” Segundo ele, este é o apelido que o ministro-chefe da Casa Civil deu ao grupo formado pelo coordenador político do governo, Aldo Rebelo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o líder do Governo na Casa, Aloizio Mercadante, aos quais responsabiliza pela desordem nas relações do governo com o Congresso. Na quarta-feira 13, quando a Comissão de Constituição e Justiça do Senado reprovava o nome do Planalto para diretor da Agência Nacional do Petróleo, a Comissão de Seguridade da Câmara aprovou a convocação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) reclamou com o líder do Governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP): “Convocaram o Meirelles para depor e não havia ninguém do governo. Isso aqui está uma bagunça!” Tanto a convocação de Meirelles como a reprovação do diretor da ANP ainda podem ser revertidas, mas Dirceu e Fleury estão certos: nunca se viu tanta desarticulação.
Roseana cotada
Preterida na última reforma ministerial, a senadora Roseana Sarney, quem diria, ganhou o apoio da ala oposicionista do PMDB. Um dos líderes do grupo, o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), constata: “A nomeação de Roseana Sarney para o lugar de Romero Jucá talvez sirva para pacificar o PMDB. Pelo menos no Senado.”
Acampamentos oficiais
Antes, o Ministério do Desenvolvimento Agrário promovia assentamentos dos sem-terra. Agora, parece que a política é promover acampamentos, o que, para os ruralistas, significa invasões. Edital do pregão 01/2005 do Ministério torna público que no dia 26 será feita licitação para a compra de 140 rolos de lona preta. Lonas, como se sabe, são usadas em acampamentos, não em assentamentos.
Dirceu versus Aldo
Desde que o recém-nomeado ministro da Previdência, Romero Jucá, caiu em desgraça, cabeças coroadas do Palácio do Planalto voltaram a falar na necessidade de se retomar aquela reforma ministerial ampla que o presidente Lula e o ministro José Dirceu planejaram, mas que não foi completada. E os aliados de Aldo Rebelo voltaram a sentir cheiro de fritura no ar.
A solução Borba
Líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR) defende como solução para a crise na base governista que o ministro Aldo Rebelo e o líder do governo, Arlindo Chinaglia, passem a ter mais poderes. Inclusive os de liberar emendas parlamentares, hoje nas mãos de Antônio Palloci, e de executar as nomeações políticas, hoje nas mãos de José Dirceu.
Rápidas
• A Justiça da Suíça pretende mandar de volta para o Brasil a grana roubada pela gangue de fiscais do Rio no caso Silveirinha. Surpresa: não são US$ 30 milhões. Serão devolvidos US$ 40 milhões.
• O juiz suíço queria antes ouvir o próprio Silveirinha. Como não conseguiu, condicionou a liberação da grana a um depoimento, em Genebra, do corregedor-geral da Receita Federal do Brasil, Moacir Leão. Até o final de abril, Leão estará lá.
• O PFL está tiririca com os tucanos. Presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen acha que o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso passou dos limites ao declarar que o PFL, como o PT, lidera as forças atrasadas do País.
• Na volta da viagem ao Vaticano, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, deixou de queixo caído seus companheiros de viagem no Sucatão, quando puxou uma agenda velha. Estava ali anotado o nome de cada cabo eleitoral em Pernambuco.
• Severino escreveu quantos votos cada um conseguiu para a sua campanha e qual presentinho merecia: os que deram menos votos receberam um calendário papal; mais votos, terços e potinhos de água benta.