Acordo pelo 2º Turno
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) comportou-se como um verdadeiro gentleman no vôo do Aerolula para o enterro de João Paulo II. Mas nos bastidores faz tudo o que pode contra seu arqui-rival Luiz Inácio Lula da Silva. Na sexta-feira da semana passada, teve um encontro de mais de duas horas com o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) no seu apartamento da rua Maranhão, em São Paulo. Em pauta: como derrotar Lula nas eleições de 2006. FHC foi franco. Disse que não descarta a hipótese de ser candidato a presidente, mas só se Lula entrar em franca decadência. Se for para permanecer tudo como agora, o PSDB deve ir mesmo de Geraldo Alckimin. Nem Fernando Henrique nem Garotinho falou em aliança entre tucanos e peemedebistas. O que o ex-presidente defendeu veementemente foi que o ex-governador do Rio saia candidato, de preferência com a legenda do PMDB. Disse que, nesse caso, estará assegurado um segundo turno nas próximas eleições. É tudo o que Lula não quer.

Lando não volta
O senador e ex-ministro da Previdência Amir Lando (foto) anda irritado mesmo é com a cúpula do PMDB. Atribui ao partido, e não ao presidente Lula, sua substituição por Romero Jucá. Agora que pipocam denúncias contra seu substituto, Lando avisa que não aceita de novo o cargo: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.”
 
 
 
Quem produziu Jucá que o embale
O presidente do PMDB, Michel Temer, não deve dizer palavra em defesa de Romero Jucá no cargo. “É preciso deixar claro que o ministro da Previdência não foi indicação do PMDB. Foi exclusiva do Renan Calheiros”, avisa o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). O senador Pedro Simon (PMDB-RS) completa: “Nem mesmo foi indicação da bancada do Senado.”

Severino, o Bom
Jorge Arapiraca é um jornalista amigo do presidente do Senado, Renan Calheiros. Foi à residência oficial da Península dos Ministros, errou a entrada e bateu na casa do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (foto), que o recebeu com pompa. Sem jeito, Arapiraca disse que foi apenas dar-lhe os parabéns. Severino achou que era um recado. “Acabei de tomar posse. Tão logo saiba os cargos que tenho, mando chamá-lo.”
 
 
O martírio de Rossano
Os 117 cardeais reunidos na Capela Sistina vão demorar bem menos tempo para nomear o novo papa do que Lula para efetivar o presidente interino do Banco do Brasil, Rossano Maranhão Pinto. Vice-presidente da área internacional, ele assumiu no lugar do demissionário Cassio Casseb em 17 de novembro do ano passado. Vai para cinco meses, portanto, o martírio de Rossano.
 
 
Rápidas

• Não foi só Severino Cavalcanti quem acabou com a reforma ministerial. Lula também bateu boca com o ministeriável petista João Paulo Cunha. Foi aí que o presidente decidiu mexer em quase nada.

• O governador de Brasília, Joaquim Roriz, procurou os governistas Renan Calheiros e José Sarney. Foi sacramentar que pretende concorrer a presidente da República pelo PMDB em 2006. Renan e Sarney nada disseram, ficaram de queixo caído.

• Encarregado das inserções publicitárias do PMDB na tevê, Carlos Rayel é ligado a Garotinho. O marqueteiro programou declarações de ilustres do partido defendendo candidatura própria e, sutilmente, mostrou Garotinho como o candidato.

• A propósito das expulsões de brasileiros que estão trabalhando ilegalmente no Exterior, o Conselho Regional de Engenharia (Crea) do Rio fez um levantamento. Calcula que só no Estado há pelo menos 4 mil engenheiros estrangeiros ilegais.

• José Genoino está que é só sorrisos. Fechou o apoio do PT de São Paulo à sua reeleição para presidente nacional do partido. Com o apoio do Estado, Genoino calcula que está praticamente reeleito.