08/08/2007 - 10:00
Ao entregarem seus presentes no domingo 12, muitos filhos vão homenagear um novo espécime que se multiplica rapidamente: homens que se dedicam tanto ou mais que as mães à criação da prole. Pais que colocam em segundo plano trabalho, diversão e vida pessoal para participar ativamente da educação das crianças. Essa figura paterna é um fenômeno que se espalha pelo mundo. No Reino Unido, o instituto oficial de estatísticas mostra que o número de homens que se dizem encarregados do lar dobrou nos últimos 14 anos. Eles já são 200 mil. “O homem de hoje faz questão de ter o filho próximo e valoriza a possibilidade de cuidar dele diretamente”, explica o psicoterapeuta Luiz Cuschnir, estudioso do comportamento masculino.
Para isso, vale modificar a rotina de trabalho. Foi essa a decisão do médico paulista José Marques Neto. Separado, ele reorganizou sua vida para desfrutar mais tempo da companhia de Marina, oito anos. “Passei a trabalhar em menos lugares e em locais não muito distantes para poder levá-la ao colégio. Eu a vejo todo dia”, diz. O melhor é que essa mudança de costumes vem acompanhada de prazer. Ou seja, não se trata de apenas supervisionar a quantas anda o lar. Que o diga o técnico de meio ambiente Edson Monerat, do Rio de Janeiro. Do primeiro casamento, ele tem um filho de 14 anos, que vê freqüentemente. Do segundo, tem Beatriz, dez anos, e dois enteados, Guilherme e Vítor, com 18 e 19 anos. O horário de trabalho flexível permite a Monerat participar ativamente da educação dos três. “Acompanho o desempenho escolar de todos”, afirma. Monerat ajuda nas lições de casa, mas também segue de perto a “vida artística” da família. Os rapazes tocam guitarra e bateria e a menina, flauta. O pai não reclama da barulheira. “Prefiro que eles se divirtam aqui.”
Outro sinal de que os homens estão mais próximos dos filhos é o aumento do número de pais que obtêm na Justiça a guarda das crianças. Segundo o IBGE, esse índice cresceu 68% entre 2003 e 2005. “O preconceito dos juízes está caindo. O que motiva isso é o crescente interesse masculino pela guarda”, avalia a advogada Sandra Vilela, do movimento Pai Legal, grupo que luta pelo direito paterno de maior convivência com os filhos. O engenheiro Willian Maia, do Rio, é um desses casos. Depois de dois anos e meio, ele conseguiu a guarda de Lucas, 14 anos. “Não queria ser um ‘pai McDonalds’, daqueles que pegam o filho a cada 15 dias para levar à lanchonete”, diz. Durante o dia, o menino fica com o colégio e a escolinha de futebol. À noite, Willian faz o jantar para os dois. Isso sim é dedicação.