Entre as dezenas de aparelhos
que surgem a todo momento
para manter a saúde, um tem se destacado não só pela eficácia,
mas também pela versatilidade. Trata-se do biofeedback, equipamento que funciona como uma espécie de espelho através
do qual o paciente enxerga o que acontece dentro do seu corpo
no momento em que a doença se manifesta. De acordo com os especialistas, essa visualização facilita o reconhecimento dos sintomas
ou da chegada de uma crise. Os resultados são tão surpreendentes
que o apetrecho ganha cada vez mais terreno. Usado inicialmente para ajudar a combater o stress e a ansiedade, o biofeedback agora também está auxiliando no tratamento da enxaqueca, dores crônicas, reabilitação física e incontinência urinária.

O biofeedback (que significa informação para a vida) consiste em um sistema baseado no uso de eletrodos – colocados sobre o corpo do doente –, que transmitem as informações para um computador. Na tela, médico e paciente visualizam o que ocorre no organismo. As reações do corpo diante do problema, como tensão muscular, temperatura e alterações de ondas cerebrais (elas são indicativas do estado de relaxamento do cérebro), são traduzidas para o visor por meio de sons e imagens. Se o paciente estiver com os músculos tensos, por exemplo, o desconforto será quantificado na forma de uma barra grande ou de um som estridente. Ao ver sinais como esses, o indivíduo compreende melhor o mecanismo da doença e, com a orientação de um profissional, aprende técnicas para tratar o problema. Toda vez que o incômodo aparecer, ele estará mais preparado para controlá-lo. “É o poder da mente sobre o corpo”, diz a psicóloga Ana Maria Rossi, de Porto Alegre.

A psicóloga usa o biofeedback para tratar enxaqueca, entre outros problemas. A doença provoca alterações na temperatura das extremidades do corpo. Por causa disso, nas sessões de biofeedback é medida a temperatura dos pés e mãos do paciente, que geralmente estão frios. Ele vê essa sensação estampada na tela e aprende exercícios, como respirar profundamente, para aliviar a dor. Com a ajuda do aparelho, verifica a eficácia dos exercícios ao observar a volta da temperatura corporal à normalidade.

O equipamento também está sendo usado com sucesso na reabilitação de pacientes com sequelas físicas ocasionadas, por exemplo, por traumatismo craniano. No Brasil,
uma das instituições que adotaram
o método com esse objetivo foi
o Hospital das Clínicas de São
Paulo. “O aparelho ajuda o paciente a recuperar a força e a flexibilidade dos músculos comprometidos”, explica Arquimedes de Moura
Ramos, coordenador da área
de reabilitação do HC/SP.

No Hospital Albert Einstein, em São Paulo, a técnica já foi aplicada
em mais de 50 mulheres com incontinência urinária. Os eletrodos são colocados na região do períneo. Em seguida, são feitos exercícios
para o fortalecimento dessa musculatura (seu enfraquecimento leva
à incontinência). “A paciente melhora sua capacidade de contrair
essa região”, afirma Carlos Alberto Bezerra, urologista do hospital.