13/08/2003 - 10:00
O acordo de fusão da Varig com a TAM acaba de se tornar realidade. Só falta marcar a data da cerimônia de assinatura do contrato, que depende das agendas dos ministros da Defesa, José Viegas, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa. Os arrastados meses de brigas jurídicas e desencontro entre as partes ficaram para trás. A junção das duas companhias aéreas agora conta com o apoio dos credores da bilionária dívida que desestabilizou as empresas nos últimos anos. O acordo tem o respaldo da GE, da Boeing, da Infraero, da BR Distribuidora e do Banco do Brasil e vai permitir a concretização plena da fusão até outubro. A fusão, histórica, era a única alternativa para salvar a aviação comercial do País.
A situação das empresas, sozinhas, era dramática. A Varig teve quatro presidentes nos últimos dois anos e chegou a 2003 com uma dívida de US$ 1 bilhão. A TAM, por sua vez, teve elevadas perdas com uma política de exploração do mercado doméstico e internacional acima da demanda – um erro estratégico cometido também pela Varig na década de 90. Em 2001, a TAM começou a ameaçar a hegemonia da Varig, mas diminuiu o número de vôos internacionais após os atentados de 11 de setembro de 2001. Depois de insistentes tentativas de reduzir suas dívidas, Varig e TAM chegaram à conclusão, no ano passado, de que não havia outra saída senão a fusão.
A proposta para o acordo da fusão foi elaborada pelo Banco Fator, em entendimento com as duas companhias. O mais difícil foi obter o apoio da Fundação Rubem Berta, que controlava a Varig e exerceu forte influência contra o negócio. O documento que prevê a fusão garante a manutenção das duas marcas, ambas reconhecidas no mercado internacional. A nova empresa surge como uma das maiores do planeta.
O tamanho não impede a redução de oferta de vôos, que está acima da demanda tanto no mercado doméstico quanto no internacional. O plano de negócios da nova companhia aérea será definido pela consultoria Bain & Company. Uma decisão já foi tomada: haverá demissões. Será adotado um plano de demissão voluntária e, pelo menos em parte, o passivo trabalhista da Varig poderá ser transformado em participação acionária dos funcionários na nova empresa. A Varig deverá ter 5% da nova companhia e ainda terá de renegociar passivos de US$ 1,2 bilhão com seus fornecedores. A participação da TAM poderá chegar a 30%, mas vai depender de negociações com os credores. O mercado brasileiro doméstico passa a ter três companhias: a que resultará da fusão TAM/Varig, a Vasp – que evitou perdas graves ao abrir mão dos vôos internacionais em 2001 – e a Gol, que também opera apenas na aviação doméstica. É o bastante.
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