Apesar de trabalhar com o FBI e usar as iniciais L.T. – como na sigla inglesa para tenente, lieutenant –, o rastreador profissional Bonham (Tommy Lee Jones) é civil. Sua função é ensinar a seguir e encobrir pistas, se tornar invisível e matar usando apenas as mãos ou armas fabricadas com o mínimo de material. No fundo, ele fabrica assassinos. Embora se orgulhe de nunca ter precisado matar alguém. Daí o seu espanto e decepção ao saber que um de seus melhores alunos, Aaron Hallam (Benicio del Toro), “atravessou a linha”, tornando-se um assassino incontrolável. Caçado (The hunted, Estados Unidos, 2003), em cartaz nacional, trata da relação filial estabelecida entre os dois. À beira da loucura, Hallam tenta sem sucesso contatar Bonham, que, por sua vez, enfrenta a ira da policial Abby Durrell (Connie Nielsen), enlouquecida ao ver seus colegas serem dizimados pelo rapaz louco para matar.

William Friedkin, que há três décadas dirigiu Operação França e O exorcista, procurou fugir da “síndrome de Rambo”, herói desprezado em seu próprio país. Mas manteve o festival de mutilações e pancadaria necessárias ao enredo. Del Toro, aterrorizante como sempre, protagoniza uma crepitante cena de perseguição num engarrafamento de trânsito. Caçado é um filme soturno, situação favorável para Tommy Lee Jones, que perseguiu Harrison Ford em O fugitivo, Ashley Judd em Risco duplo, Wesley Snipes em Os federais, alienígenas esquisitos nos dois episódios de MIB – homens de preto, e até agora continua correndo atrás de um papel à altura de seu talento.