Um avião militar Hércules C-130, sem identificação do país de origem e com a tripulação composta por um alto diplomata francês e agentes do serviço secreto da França pousado no meio da selva amazônica. Pior:
as autoridades brasileiras desconheciam a razão da estada em terras brasileiras da “comitiva” francesa. Eis a causa da crise diplomática entre
o governo brasileiro e o governo francês, que ganhou contornos de trama de espionagem com os detalhes da chamada “Operação 14 de julho”.

Há duas semanas, a revista Carta Capital denunciou a presença do
avião militar francês em Manaus, entre os dias 9 e 13 de julho, em uma missão cujo objetivo era o resgate de Ingrid Betancourt – ex-candidata
à Presidência da Colômbia, sequestrada em fevereiro do ano passado
pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Betancourt tem também nacionalidade francesa. O chanceler francês, Dominique de Villepin, depois do fiasco do empreendimento (Ingrid não
foi libertada) e da eclosão da crise diplomática, disse que a operação tinha caráter meramente “humanitário”. Essa operação de resgate
de Ingrid era tão sigilosa que esqueceram de avisar até o governo brasileiro e o colombiano.

“O que aconteceu entre os dias 9 e 12 de julho não correspondeu à descrição de Villepin ao chanceler Celso Amorim”, afirmou Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. “Se o que os franceses pretendiam fazer foi abortado, não temos indicações concretas. Por isso, pedimos esclarecimentos e escusas.” Na quinta-feira 31, o governo francês apresentou pedido de desculpas.