A superstição, reforçada por acontecimentos históricos nefastos, faz
de agosto um mês a ser respeitado e, para atravessá-lo com razoável segurança, não é recomendável incluir na bagagem fatalismo, baixo-astral ou depressão. Se nos guiarmos por grande parte do noticiário
da última semana de julho, o apocalipse neste agosto de 2003 é inevitável. A reportagem de capa desta semana pretende – pelo
menos no que diz respeito ao lado político e econômico do País –
servir como uma espécie de antídoto, ou um contraponto, para um crescente pessimismo, uma barulhenta histeria e boa dose de oportunismo recentemente demonstrados.

A barulheira – é obrigação anotar – vem amparada por sólidos alicerces da dura realidade. O desemprego é grave: em junho chegou a 13% em seis regiões metropolitanas. A recessão é uma ameaça concreta: 40% da capacidade industrial está ociosa. A tensão social aumenta: as ocupações de terra neste ano – 117 – já superaram as 103 de todo o ano de 2002. Uma situação suficientemente preocupante, mas que não justifica profecias apocalípticas. Até porque há iniciativas concretas e planejadas do novo governo para lidar com os problemas e também, em alguns tópicos, já existem resultados como a inflação, que está sob controle, e os juros, que apontam para baixo.

Estava prevista, para a rota traçada no começo do ano, a necessidade de atravessar tempestades e mares bravios para recuperar a credibilidade externa e mostrar – como já foi dito aqui – que a nova tripulação do barco não era composta de malucos, esquerdistas ao velho estilo e comedores de criancinhas. Neste momento, nota-se uma bem-vinda correção de rumo. Conforme se depreende da entrevista do ministro do Planejamento, Guido Mantega, aos jornalistas de ISTOÉ em Brasília, Leonel Rocha e Luiz Cláudio Cunha, este novo rumo coloca a proa do barco Brasil apontada para o desenvolvimento. Que é a solução mais racional para o desemprego, a recessão e a pressão social.