05/08/2003 - 10:00
Quando a guerra interessa a todos |
O Palácio do Planalto ainda sonha em manter sob controle a CPI do Banestado. Determinou a seus aliados que as acusações finais sejam centradas apenas nos doleiros. Vale aí a velha máxima aprendida pelo senador Jorge Bornhausen, quando coordenador político do governo Fernando Collor: nem sempre dá para saber onde vão parar essas investigações. Agora no caso do Banestado, por exemplo, já está praticamente definido que o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco será responsabilizado, no relatório final, por ter afrouxado os mecanismos de controle sobre a megaevasão de divisas. A ex-diretora do BC Tereza Grossi é outra na alça de mira. Franco é protegido do PFL. Tereza conta com as bençãos do tucanato. É claro que o PSDB e o PFL não vão deixar barato. Pau lá, pau cá e, quando menos se espera, a brigalhada estará correndo solta. Quem pensa que poderá controlar isso deve colocar as barbas de molho. |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um pito público no ministro José Graziano. No vôo que voltava de Fortaleza, Lula disse aos parlamentares que o acompanhavam que Graziano “nunca viu a fome de perto e que teria de ir a Sousa, na Paraíba, para saber o que era fome”. Lula, entre queijos, vinhos e castanhas, contou que uma vez esteve no município e viu uma mãe com uma criança no colo. Ao se aproximar, Lula descobriu que a mãe pedia ajuda para enterrar a filha, morta em seus braços. Graziano tentou dizer que estava fazendo os cadastros do Fome Zero e foi interrompido por Lula: “Mas ainda é muito pouco.”
O Sombra
Os deputados que compõem a Mesa Diretora da Câmara estão
tiriricas com o chefe de gabinete do presidente João Paulo, José Humberto. Segundo alguns parlamentares, Humberto interrompe
João Paulo nas discussões, bate-boca com os deputados, responde correspondências fora de suas atribuições e, recentemente, sugeriu
a abolição da Mesa Diretora ao propor a criação de um Conselho Consultivo de Gestão da Câmara.
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Nó em fumaça
No pacote sobre segurança pública, votado esta semana pela
Câmara, paira um mistério. O relator das mudanças no Estatuto
da Criança e Adolescente, deputado Wagner Rubinelli (PT-SP) explicitou no texto a proibição de venda ou qualquer tipo de fornecimento de cigarros para crianças. Fez mais: proibiu a propaganda de fumo perto
de escolas. Mas tudo virou fumaça no texto final do deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Mistério
O nome do presidente da Câmara, João Paulo, apareceu novamente no painel de votação na noite da última terça-feira, quando ele estava em viagem por São Paulo. Detalhe: o nome no painel é o critério para não haver desconto no salário. A explicação, novamente, foi que o nome do presidente sempre aparece automaticamente no painel de votação, mas que não será contado no seu contracheque.
Rápidas
• Mal o ex-candidato tucano a presidente José Serra voltou ao Brasil e Nizan Guanaes e Bia Aidar procuraram FHC. Querem ver se conseguem ver pagas as dívidas de campanha.
• Ninguém no governo fala claramente, mas já foi acertado com a missão do FMI que esteve em Brasília na última semana: a exigência de superávit primário vai cair para 3% ao ano.
• Do deputado Alberto Goldman (PSDB-SP): “O 13 é o número do PT e o percentual de desemprego a que se chegou no Brasil. Também é a porcentagem da perda salarial neste ano.”