Quando a guerra interessa a todos
O Palácio do Planalto ainda sonha em manter sob controle a CPI do Banestado. Determinou a seus aliados que as acusações finais sejam centradas apenas nos doleiros. Vale aí a velha máxima aprendida pelo senador Jorge Bornhausen, quando coordenador político do governo Fernando Collor: nem sempre dá para saber onde vão parar essas investigações. Agora no caso do Banestado, por exemplo, já está praticamente definido que o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco será responsabilizado, no relatório final, por ter afrouxado os mecanismos de controle sobre a megaevasão de divisas. A ex-diretora do BC Tereza Grossi é outra na alça de mira. Franco é protegido do PFL. Tereza conta com as bençãos do tucanato. É claro que o PSDB e o PFL não vão deixar barato. Pau lá, pau cá e, quando menos se espera, a brigalhada estará correndo solta. Quem pensa que poderá controlar isso deve colocar as barbas de molho.


Pito no ar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um pito público no ministro José Graziano. No vôo que voltava de Fortaleza, Lula disse aos parlamentares que o acompanhavam que Graziano “nunca viu a fome de perto e que teria de ir a Sousa, na Paraíba, para saber o que era fome”. Lula, entre queijos, vinhos e castanhas, contou que uma vez esteve no município e viu uma mãe com uma criança no colo. Ao se aproximar, Lula descobriu que a mãe pedia ajuda para enterrar a filha, morta em seus braços. Graziano tentou dizer que estava fazendo os cadastros do Fome Zero e foi interrompido por Lula: “Mas ainda é muito pouco.”

O Sombra

Os deputados que compõem a Mesa Diretora da Câmara estão
tiriricas com o chefe de gabinete do presidente João Paulo, José Humberto. Segundo alguns parlamentares, Humberto interrompe
João Paulo nas discussões, bate-boca com os deputados, responde correspondências fora de suas atribuições e, recentemente, sugeriu
a abolição da Mesa Diretora ao propor a criação de um Conselho Consultivo de Gestão da Câmara.

Deputado denuncia a CVM

Denúncia feita pelo deputado Nelson Tradd (PTB-MS) no plenário da Câmara: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está no centro de uma transação suspeita de US$ 250 milhões, realizada em 2001, durante a transferência do controle acionário da Companhia Riograndense de Telecomunicações. Uma transação de US$ 800 milhões, dos quais US$ 250 milhões seriam um “sobrepreço”. O caso estaria sob investigação da Justiça e do Parlamento italiano. “A própria CVM está sendo apontada no Exterior como beneficiária de vantagens na compra”, afirmou Tradd em discurso.

Nó em fumaça

No pacote sobre segurança pública, votado esta semana pela
Câmara, paira um mistério. O relator das mudanças no Estatuto
da Criança e Adolescente, deputado Wagner Rubinelli (PT-SP) explicitou no texto a proibição de venda ou qualquer tipo de fornecimento de cigarros para crianças. Fez mais: proibiu a propaganda de fumo perto
de escolas. Mas tudo virou fumaça no texto final do deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Mistério

O nome do presidente da Câmara, João Paulo, apareceu novamente no painel de votação na noite da última terça-feira, quando ele estava em viagem por São Paulo. Detalhe: o nome no painel é o critério para não haver desconto no salário. A explicação, novamente, foi que o nome do presidente sempre aparece automaticamente no painel de votação, mas que não será contado no seu contracheque.

Rápidas

• Mal o ex-candidato tucano a presidente José Serra voltou ao Brasil e Nizan Guanaes e Bia Aidar procuraram FHC. Querem ver se conseguem ver pagas as dívidas de campanha.

• Ninguém no governo fala claramente, mas já foi acertado com a missão do FMI que esteve em Brasília na última semana: a exigência de superávit primário vai cair para 3% ao ano.

• Do deputado Alberto Goldman (PSDB-SP): “O 13 é o número do PT e o percentual de desemprego a que se chegou no Brasil. Também é a porcentagem da perda salarial neste ano.”