Dona de uma voz preciosa, a meio caminho entre o popular e o camerístico, Olivia Byington deu-se a responsabilidade de recriar o disco que lançou a batida de João Gilberto, aproximou Elizeth Cardoso de um público mais sofisticado e solidificou a parceria entre a música de Antonio Carlos Jobim e a poesia de Vinicius de Moraes. Canção do amor demais – Olivia Byington canta Tom & Vinicius traz exatamente as 13 canções que Irineu Garcia – ex-dono do lendário Selo Festa, especializado em discos de poesia – encomendou a Tom e Vinicius, em 1958. A dupla, que dois anos antes havia composto a trilha para a peça Orfeu da Conceição, estava tinindo. Bem de acordo com os anos JK, cheios de modernidades, os dois chamaram o então desconhecideo João Gilberto para colocar violão em Chega de saudade e em Outra vez, que logo gravaria.

O repertório traz outros clássicos, entre eles Serenata do adeus, Modinha, Eu não existo sem você e Janelas abertas, que na década seguinte inspiraria Caetano Veloso a compor a tragicamente tropicalista Janelas abertas nº 2. Chama atenção no CD de Olivia, que teve uma tiragem dirigida em 2001, a direção escolhida pelo pianista Leandro Braga, autor dos arranjos. Ele faz o caminho inverso do disco original. Enquanto Tom trouxe o popular de Elizeth para a bossa nova que estava engendrando, Braga introduz a voz refinada de Olivia emoldurada por violões de sete cordas, bandolins, violas e clarones à maneira dos chorões pré-jobinianos. E, assim, novamente fez a luz.