Ainda a dúvida: satisfazer ou não
ao grande capital internacional?
Na recente viagem à Espanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com mais salamaleques do que seu colega argentino, Néstor Kirchner. O motivo não foi somente o maior interesse pela figura de um ex-sindicalista no poder. É que Brasil e Argentina começaram a rever os contratos dos megassetores privatizados na década passada, agora nas mãos do grande capital internacional, como os de telefonia e de energia elétrica. Kirchner semeia dúvidas: criou uma comissão para renegociar todos os contratos. No Brasil, espera-se a decisão final da Justiça sobre o indexador para tarifas telefônicas. A partir desta semana, o governo começa a tratar
da área elétrica, com 70% da distribuição nas mãos de duas
empresas praticamente em moratória, a Light e a Eletropaulo.
Nos dois países, os contratos feitos não garantem segurança
para os consumidores. Mas o problema é que tanto o Brasil como a Argentina não podem prescindir da entrada de novos investimentos externos, em franca queda.


Crime eleitoral

O ministro da Pesca, José Fritsch, está com um problemão. Desde as últimas eleições está sendo investigado por crime eleitoral em Santa Catarina, seu Estado de origem. Ele tentou interromper o processo pedindo julgamento no Supremo Tribunal Federal. Não conseguiu.

Poder afrodisíaco

“Lamentamos informar que, devido ao clima de insegurança reinante na nossa cidade, fomos obrigados a suspender momentaneamente as atividades”, informa em seu site a casa de swing “Paraíso dos Casais”, uma das maiores do Rio de Janeiro. O negócio está sendo reaberto na tranquilidade do poder: em Brasília.

A grana é da viúva

O TCU obrigou o ex-presidente do Banco do Nordeste Byron Queiroz a devolver R$ 1,5 mil aos cofres públicos, gastos em um livreto com sua carta de despedida aos funcionários. Procuradores federais agora querem que Byron pague R$ 765 mil usados em anúncios nos jornais tentando desmentir reportagem sobre crimes financeiros na sua gestão, publicada por ISTOÉ em dezembro (edição 1731).

Moralidade Zero

Nos últimos 90 dias, o Tribunal de Justiça do Piauí e o Tribunal de Contas do Estado cassaram mandatos de oito prefeitos do interior por vários crimes contra a administração pública. Crisânto Neto, prefeito de Jaicós, teve a prisão decretada e está foragido. O prefeito Reginaldo da Silva, de Guaribas, laboratório do programa Fome Zero, perdeu o cargo. A Justiça quer a intervenção no município.

Patrulha da patrulha

Secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães foi duramente criticado pelo líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio Netto (AM), que o acusou de “perseguir e espezinhar” diplomatas que serviram ao governo anterior. O líder do governista
PDT, Jefferson Péres (AM), afirmou que o diplomata lhe pareceu “uma pessoa raivosa, engajada, sem isenção, que não poderia ocupar
o cargo importante que ocupa”.

Rápidas

• A Universidade Estácio de Sá, do Rio, vai ser atingida por outra bala perdida: perderá seu registro filantrópico na próxima reunião do Conselho Nacional de Assistência Social.

• Suspeitando de favorecimento entre a CEF e a empresa GTech para administração das Loterias, o senador Arthur Virgílio começou a receber os documentos que requisitou oficialmente.

• A GTech, que faturou quase US$ 1 bilhão do governo federal, acaba de ser multada em R$ 29 milhões em Minas Gerais. O governo do Paraná cobra R$ 53 milhões na Justiça.

• Lula convidou o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), para acompanhá-lo na viagem ao Ceará, esta semana. Vão discutir a antecipação da reforma ministerial.