A visita do presidente Lula a seu colega americano George W. Bush já está surtindo efeitos. Alguns positivos, outros nem tanto. Entre os positivos está a reafirmação, agora no terreno externo, da coerência estratégica do novo governo, que pode ser sintetizada em discutir primeiro os pontos convergentes e só depois lidar com os divergentes. Foi o que ocorreu na Casa Branca, conforme relato do competente embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, para a entrevista das vermelhas desta edição, que começa à pág. 7. O embaixador também disse aos repórteres da sucursal de ISTOÉ em Brasília, Sônia Filgueiras e Eduardo Holanda, que, quando o presidente viaja para o Exterior, ele está defendendo exportação, emprego e melhoria de vida e afirmou ainda que Lula conseguiu invejável respeito internacional.

Já a volta ao Brasil não foi acompanhada de eflúvios tão positivos. A exemplo de Bush, que caiu do patinete, como nos mostra a reportagem de Darlene Menconi à pág. 82, nosso Lula teve uma semana pouco estável aqui pelo Brasil. Na terça-feira 24, um de seus discursos foi mal interpretado, gerou manchetes nos jornais e acendeu a ira da oposição
e do Judiciário. Leia à pág. 37 a reportagem de Luiz Cláudio Cunha e Weiller Diniz. Para encerrar o baixo-astral da semana, o presidente foi atingido na quinta-feira 26 por um aumento não esperado e, ao que
tudo indica, mal operado das tarifas telefônicas, que, se mantido, deve comprometer o esforço que vem sendo feito para restringir o risco inflacionário. O discurso mal compreendido mereceu do presidente um exemplar pedido de desculpas, que, como tal, deve ser entendido. E respeitado. Já a punhalada, ou melhor, a telefonada pelas costas,
ainda está por ser resolvida.