12/01/2005 - 10:00
Dois milhões de pessoas foram à praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na virada do ano. O espetáculo de queima de fogos é monumental. Horas e horas de viagem, que importa se de ônibus, de carro ou a pé. Muita bebida e muita panela com comida para cear na areia, e brindar no momento edificante em que a contagem regressiva do telão vai chegando ao três, dois, um e… puf: um fumação, que já se sabe não foi dos churrascos feitos na praia, encobriu o espetáculo da queima de fogos. Muita vaia. Mas se não foi da carne a fumaça, de onde ela surgiu? As luzes explodiram de oito balsas ancoradas a 360 metros da areia, e em uma delas, entre os postos 4 e 5, houve início de incêndio. Mas e a fumaça, de onde ela desceu? Em nota oficial, a Riotur atribuiu o fumação à inversão térmica e à ausência de ventos na noite do 31 (justo na noite do 31). E essa também foi a alegação do proprietário da empresa Júpiter Fogos Artificiais, o argentino Gaston Gallo, responsável pela queima. A empresa responde pelas 190 toneladas de fogos que foram instaladas e corre o risco de não receber um centavo se a auditoria da Secretaria Municipal de Turismo concluir que foi dela a culpa. Mais edificante e monumental que a quase queima de fogos foi a outra explicação que surgiu: traficantes de morros vizinhos teriam feito no mesmo momento o seu espetáculo pirotécnico particular, sem fumaça e com sucesso, tanto sucesso que a queima provocou a fumaça que migrou para o espetáculo oficial. ISTOÉ conversou com o professor de meteorologia da UFRJ, Luiz Maia, especialista em poluição:
ISTOÉ – De quem foi a culpa pelo fiasco?
Maia – Da quantidade de fumaça gerada, muito além do normal em queima de fogos de artifício. E da logística, que deveria ter graduado melhor a altitude dos lançamentos para que houvesse tempo de dispersão da fumaça.