Seis projetos criando conselhos para normatizar as mais diversas técnicas de psicoterapias, entre elas a psicanálise, já foram apresentados à Câmara dos Deputados. Nenhum deles foi elaborado por psicanalistas e todos foram derrotados ou arquivados pelos parlamentares. Psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e psicoterapeutas em geral já têm os seus conselhos que regulamentam suas condutas e punem a falta de ética, além de terem de se adequar àquilo a que todos os brasileiros devem obedecer: o Código Penal. Não precisam assim de nenhuma espécie de conselho superior. Mas a discussão volta à tona com a formação da Associação Brasileira de Psicoterapias (Abrap). “Precisamos de critérios norteadores para tirar a imagem de que esse campo é uma bagunça. É possível organizar preservando a diversidade”, diz Luis Alberto Hanns, um dos presidentes da Abrap, que tem o apoio do Conselho Federal de Psicologia. Contrários à qualquer regulamentação no campo psicanalítico, diversos profissionais se organizaram na Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras. “Todas as instituições contam com padrões reconhecidos internacionalmente; outros critérios só limitariam uma atividade que depende da independência e da liberdade de quem a exerça”, diz o psicanalista Mário Lúcio Baptista, representante dessa articulação. Há quase um século a prática da psicanálise no Brasil obedece aos cânones criados por Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Se a proposta da Abrap sair vitoriosa, espera-se que pelo menos não enquadrem o médico austríaco e o deixem de fora desse divã espinhoso.