12/01/2005 - 10:00
Discos
Danny the dog, com Massive Attack (EMI) – Com sua sonoridade soturna e climática, desdobrada das texturas eletrônicas do trip hop, a banda inglesa Massive Attack parecia criar trilhas sonoras para filmes imaginários. Era o caso dos excelentes Mezzanine e 100th window. Desta vez, o grupo liderado por Robert Del Naja criou temas instrumentais para uma trama de verdade, o thriller do francês Luc Besson Danny the dog, estrelado por Jet Li. São ao todo 21 faixas – algumas dançantes, como Simple rules, mas a maioria bem viajantes, marca conhecida dos ingleses de Bristol. Como o filme estréia na França em fevereiro e não tem previsão de lançamento por aqui, a trilha pode ser consumida como um álbum de carreira da banda, cujo estilo pesado deve ter feito bem às tramas insossas de Besson. (Ivan Claudio)
Cinema
O grito (Em cartaz nacional) – Apadrinhada por Sam Raimi, esta refilmagem americana de um título de horror japonês, assinada pelo mesmo diretor, Takashi Shimizu, custou US$ 10 milhões e já faturou mais de US$ 110 milhões nos Estados Unidos. A história, cuja sequência é prometida para este ano, provoca mais sustos que suspense. Karen (Sarah Michelle Gellar, de Buffy, a caça-vampiros), enfermeira americana morando em Tóquio, passa a ser perseguida por fantasmas ao cuidar de uma paciente, vítima de ligeira demência, numa casa mal-assombrada. Como a maldição se alastra em cadeia, os sustos se repetem segundo a mesma fórmula. Assim, o que pretendia ser um terror acaba virando um divertido “terrir”. (Ivan Claudio)
Arte
Cinqüenta 50 (Museu de Arte Moderna, São Paulo) – Para desfazer o lugar-comum de que os anos 1950 foram dominados pelo concretismo, a coletiva de 75 obras e 38 artistas reúne a figuração modernista de Alberto Guignard e Alfredo Ceschiatti, o surrealismo de Antonio Henrique Amaral e até uma atípica abstração informal de Samson Flexor, de 1959. Outro destaque é o conjunto de 12 fotos de German Lorca, que retrata São Paulo e seus habitantes com grande sensibilidade. Sem desfazer a tese da pluralidade proposta pela mostra, o concretismo surge com toda a força em dois Metaesquema de Hélio Oiticica, de 1958, e no Espaço modulado nº 3b (1959), de Lygia Clark, autora também da belíssima Composição verde (1953). (Ivan Claudio)
Livros
Moda em jornal, de Patrícia Veiga
(Senac Rio, 232 págs., R$ 70) – Uma das qualidades deste belo volume é o registro da memória da moda brasileira dos últimos 20 anos. Usando seu próprio trabalho publicado no caderno Ela, encartado em
O Globo
, Patrícia mostra a cumplicidade indissociável entre a moda e os acontecimentos contemporâneos. A beleza das imagens e a aguda sensibilidade da autora articulam uma idéia simples e surpreendente para quem chama essa poderosa indústria de mundinho fashion: moda também é cultura. Isso, claro, se estiver em boas mãos, como as de Patrícia. (Eliane Lobato)