Fotos: Divulgação

Entre os equívocos do “sandália e espada” de Oliver Stone está a escalação de Angelina (foto abaixo) como a mãe do herói, encarnado por Farrell. Mas as fulgurantes cenas de batalha, condimentadas de sangue e efeitos, não decepcionam

Dono de uma obra irregular, o diretor americano Oliver Stone cometeu vários erros ao contar a saga de Alexandre da Macedônia, o homem que ao morrrer, aos 32 anos, havia estabelecido contato entre o Ocidente e o Oriente e conquistado, com base na espada, 90% do mundo conhecido no século III a.C. Escalar Angelina Jolie (Olímpia) – muito jovem para o papel – e Val Kilmer (Filipe) como pais de Colin Farrell (Alexandre) foi apenas uma das temeridades cometidas em meio ao turbilhão de equívocos que compõem Alexandre (Alexander, Estados Unidos/ Inglaterra/ Alemanha/Holanda, 2004), em cartaz nacional na sexta-feira 14.

A produção de US$ 150 milhões apela para soluções primárias, como, por exemplo, colocar o soldado-historiador Ptolomeu (Anthony Hopkins) no papel de narrador da história. O artifício, na verdade, funciona apenas como tapa-buraco do roteiro. Outro erro foi convocar Vangelis para fazer a trilha sonora. Além disso, ao abordar o relacionamento homossexual entre o guerreiro e seu amigo de infância Hefestion (Jared Leto), Stone ficou em cima de um muro do tamanho da muralha da China.
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No “sandália e espada” de Stone, que se alonga por cansativas três horas, Alexandre é fruto de um lar desfeito. Seu pai, Filipe é retratado como um beberrão espancador de mulheres e sua mãe, Olímpia, como uma paranóica incestuosa que vive enrolada em serpentes. O pobre Alexandre passa o tempo ou trocando olhares lânguidos com Hefestion e todos os servos que lembrem sua mãe, ou maltratando a mulher persa que desposou por questões políticas, Roxana (a belíssima Rosario Dawson). Stone se diz magnetizado pelo personagem. Mas seu estilo só fulgura nas cenas de batalha – contra os persas, muito mais numerosos, ou contra os indianos, equipados com elefantes, em cenas tingidas de sangue e efeitos.

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Um homem que conquistou o mundo lutou em muitas outras batalhas que não aparecem no filme. A solução, então, é recorrer aos livros a respeito. Quem quiser aprofundar no tema tem à disposição dois recentes Alexandre, o grande, um escrito pela helenista francesa Claude Mossé (Estação Liberdade, 248 págs., R$ 43) e outro de Plutarco (Ediouro, 168 págs., R$ 24,90), ricamente ilustrado.