27/02/2008 - 10:00
AÇÃO Jovem vítima de acidente de carro melhora movimentos jogando golfe
Recentemente, a medicina tem recorrido aos videogames para incrementar os tratamentos de diversas patologias. Mas, entre todas as opções, o modelo Wii, mais recente lançamento da Nintendo, vem sendo apontado como um dos games que mais apresentam funções terapêuticas. O jogo está sendo incorporado ao arsenal de recursos de reabilitação oferecidos pelos principais centros médicos americanos e europeus. A justificativa para a escolha, segundo os especialistas, é que o Wii, manuseado com controle sem fio, exige que seus jogadores executem movimentos semelhantes aos praticados nas sessões de fisioterapia. Esses movimentos são feitos durante os jogos que simulam partidas de beisebol, boliche, boxe, tênis e golfe. O esforço para executar bem as jogadas provoca impactos positivos no organismo. Há o fortalecimento da musculatura, maior facilidade para recuperar movimentos, estímulo da atividade cerebral e aumento da capacidade de concentração e de equilíbrio. Por tudo isso, o game tem sido indicado para ajudar pacientes vítimas de derrame, de paralisias causadas por lesões cerebrais, fraturas e cirurgias em geral.
De acordo com os médicos, essa nova "ferramenta" também possui outras características importantes para a reabilitação. Uma delas é sua capacidade de melhorar a adesão dos pacientes aos tratamentos. É fácil entender por quê. Sessões de fisioterapia são muitas vezes consideradas repetitivas e até mesmo dolorosas. Com o game, o cenário é outro. Na brincadeira, os pacientes se esquecem até que estão em tratamento. "As pessoas conseguem mudar o foco e a atenção da terapia. Isso as ajuda a se livrar do tédio causado pelos movimentos repetitivos que envolvem a reabilitação", explica James Osborn, chefe do serviço de reabilitação do Errin Hospital, de Illinois, nos Estados Unidos. "Os pacientes fazem as atividades com mais vontade", diz o médico.
O sucesso do Wii e dos outros games como instrumentos de reabilitação instigou a curiosidade científica. Hoje, uma das descobertas a respeito de seus efeitos é a de que, a partir dos desafios por eles criados, o cérebro é estimulado a criar células nervosas que ajudam a reestruturar áreas lesadas. "Este é um dos motivos pelos quais eles têm feito o diferencial nos tratamentos", afirma a fisiatra Linamara Rizzo Battistella, diretora da Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Os resultados são tão favoráveis que as empresas do segmento começam a investir em novas tecnologias com o objetivo de criar brincadeiras que ofereçam mais que diversão. Nos próximos meses, por exemplo, a Nintendo e a Playstation lançarão games desenhados especialmente para serem utilizados em sessões de reabilitação. Os jogos foram desenvolvidos a partir de sugestões de especialistas de vários países, inclusive do Brasil.
TREINO Simulação de exame em modelo virtual
Modelos para exames delicados
Examinar uma mama ou fazer um exame de próstata, por exemplo, são habilidades muitas vezes não treinadas com freqüência nas faculdades de medicina. Pode ser surpreendente, mas, entre os alunos, vergonha e timidez comprometem esse aprendizado. Com o objetivo de auxiliar no treinamento, escolas americanas estão criando recursos especiais para serem usados no ensino. A médica Carla Pugh, da Universidade de Northwestern, criou um modelo de seios e usou feijões para simular um nódulo tumoral. Outro invento foi a criação de um avatar, um modelo computadorizado usado como simulador de exames pélvicos. "Uma pessoa normal pode vacilar antes de tocar em regiões íntimas de outro indivíduo sem que isso seja um problema", afirma Carla. "O médico não", diz.