Dárcio de Jesus

Sabrina Sato protege a pele com filtro solar e bebe muita água. De resto, “não estou nem aí”

Temporada
Verão sem riscos
Este é o período mais festejado do ano,
mas exige cuidados. Com medidas simples
é possível aproveitar o calor e sair incólume
dos perigos da estação
Celso Fonseca e Juliane Zaché

São dias de dolce far niente, a doçura do ócio sob o sol, desfrutados por 14,5 milhões de turistas – brasileiros e estrangeiros – que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), estão ou estarão se deslocando pelo País neste verão, que, dizem os meteorologistas, será mais quente e menos chuvoso que o do ano passado. O cálculo da Embratur abarca a temporada que começou na segunda quinzena de dezembro e se estende até a primeira semana de março. O total estimado de veranistas supera a população de Portugal e representa 6% a mais do que o número de turistas de 2004. Uma multidão que deve movimentar US$ 2,78 bilhões. O Rio de Janeiro é o destino preferido. São três milhões de visitantes – 540 mil apenas nas duas semanas ligadas ao Carnaval (que chega mais cedo neste ano, no sábado 5 de fevereiro). Se bem que há fervilhantes ocupações na Bahia – 1,9 milhão de pessoas das quais 950 mil interessadas em correr atrás do trio elétrico – e em Pernambuco, com 1,4 milhão de visitantes, sendo 530 mil durante o reinado de Momo.

Se tamanho movimento empresta uma atmosfera festiva ao País, o calor e
o contato com situações diversas podem ser fatores de risco capazes de macular o descanso. “Não é para esquecer o prazer da viagem, mas sim lembrar que se está num lugar de natureza diferente”, alerta Marcos Boulos, coordenador do Ambulatório do Viajante, do Hospital das Clínicas de São Paulo, que oferece vacinas e consultas gratuitas. Boulos chama a atenção para o consumo de alimentos e água. Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, há problemas crônicos de saneamento, o que torna comuns complicações devido à ingestão de produtos contaminados, causadores da popular diarréia do viajante. Ocorrência que, segundo ele, pode se abater sobre até 50% dos turistas.

Histórias de micos de verão relacionados a distúrbios alimentares são recorrentes na vida de qualquer rato, ou gata, de praia. Mistura portentosa de japonês, libanês e suíço, Sabrina Sato, a musa do programa Pânico na TV, esbaldou-se na praia de Camburi, no litoral norte de São Paulo. Nas suas molecagens aquáticas, esqueceu até de cuidar da beleza. “Estou de férias, não estou nem aí. Paro de malhar e como tudo quanto é bobagem”, conta. Seus únicos cuidados são beber muita água e usar protetor solar. Mas Sabrina já sucumbiu ao Montezuma tupiniquim. Aos 13 anos, por causa de um petisco na praia, teve intoxicação alimentar e parou no hospital. “Foi a primeira vez que desmaiei.”
Nestes dias, quem deu dor de cabeça ao clã Sato foi o irmão caçula de Sabrina, Karin, 21 anos. Na quarta-feira 5, último dia de férias na praia, o garoto exagerou à mesa e foi direto para o pronto-socorro. “Nós bebemos e comemos muito e ele ficou mal”, explicou Sabrina, que está para retornar às gravações do programa. O quadro Sabrina em Pânico, que já colocou a moça para colher sêmen de um porco, promete continuar com tudo. “Topo qualquer parada”, brinca. É preciso ser destemida. Até para encarar os perigos da estação. A seguir, um roteiro de cuidados para as férias não irem por água abaixo.

Atenção ao rostoe ao corpo

A pele é o maior órgão do corpo.
E está muito exposta aos fatores
ambientais. Especialmente nesta
temporada. Por isso, aprenda a
tratá-la com carinho

O sol deve ser tomado antes das 10h e depois das 16h, quando a incidência dos raios solares ultravioleta (UVA/UVB), prejudiciais à pele, é menor. Entre 11h e 15h é perigoso se expor. Em todo caso, sempre é necessário se proteger. De preferência, use um protetor solar resistente à água indicado pelo dermatologista (saiba como escolher o seu no texto ao lado). Aplique-o meia hora antes de sair de casa, de maneira uniforme. “Não se esqueça de passá-lo no pescoço, orelhas e pés”, diz o médico Sinésio Talhari, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). As crianças merecem receber cuidados dobrados. Bebês com até seis meses não podem ficar expostos diretamente ao sol. Após essa idade, as regras são as mesmas dos adultos. Os médicos orientam que a cada duas horas o filtro seja reaplicado, mesmo se a pessoa estiver debaixo do guarda-sol (a areia reflete a luz e queima a pele). E recomendam o uso de chapéus. Os lábios também merecem atenção. Há produtos específicos para a boca. Homens calvos devem proteger a cabeça com filtro e bonés. Seguindo essas medidas, pode-se evitar o aparecimento de manchas e o envelhecimento precoce. “Quem tem pele branca pode ser o patinho feio de hoje, mas no futuro vai gastar menos com técnicas para rejuvenescer”, afirma o dermatologista Guilherme Almeida, de São Paulo. Outra consequência do descaso é a queimadura. A pele pode ficar vermelha e até formar bolhas. “Não use nenhum produto sobre o local”, aconselha Denise Steiner, presidente da SBD, regional São Paulo. Se o quadro se agravar, procure um médico. Mas de todas as ameaças a que mais assusta é o câncer de pele. Há três tipos: o carcinoma basocelular (responsável por 80% dos tumores de pele), o carcinoma espinocelular (10% a 12% dos casos) e o melanoma (8%). O primeiro é caracterizado por verrugas. Tem cura se for detectado no início e raramente leva à morte. O segundo surge em formato de uma verruga mais dura e o tratamento tem altas chances de sucesso quando diagnosticado no começo. Já o melanoma é o mais temido. É responsável por 90% das mortes (manifesta-se como pintas assimétricas que com o tempo mudam de cor). Diagnosticado precocemente, apresenta altos índices de cura.

Água – Piscinas e praias lotadas aumentam as chances de transmissão de fungos. O uso de roupas úmidas ajuda a criar o ambiente propício para o desenvolvimento dos microrganismos. Um dos males comuns é a pitiríase versicolor caracterizada por manchas brancas no corpo. Há também as incômodas frieiras (entre os dedos dos pés). Para combater esses riscos, calce chinelos ou sandálias, tome uma ducha assim que chegar da praia, seque direito o corpo – principalmente os pés – e não deixe o cabelo molhado por muito tempo para evitar o crescimento de fungos.

Insetos – Mosquitos e pernilongos sempre surgem para perturbar a paz. Detalhe: eles atacam à noite. A saída é usar repelentes. Outro conselho: hospede-se em locais que tenham ar condicionado ou utilize inseticidas em aerossol no quarto
onde for dormir. Pessoas com alergia às picadas devem reforçar os cuidados
porque o sol torna a pele mais sensível e a reação pode piorar. Uma dica é vestir roupas claras e de manga comprida.

Mito: Consumir limão, figo ou caju pode manchar a pele.
Fato: Esses alimentos contêm substâncias que são ativadas pelo sol. Ao entrarem em contato com a pele (mais sensível devido à exposição solar), elas podem provocar queimaduras e deixar marcas. Se for comer frutas, lave as mãos e o rosto com água e sabão neutro antes de tomar sol.

Mito: Cápsulas de vitaminas do complexo B ou à base de alho repelem insetos.
Fato. Nenhuma pesquisa comprovou esse efeito. Mas sabe-se que seria necessário ingerir muitas cápsulas para o organismo exalar um cheiro capaz de espantar os insetos. Na dúvida, não arrisque. O odor pode também afugentar os bonitões.