Desde o impacto da exposição Sensation, ocorrida em Londres em 1997, ser “jovem artista inglês” virou marca no cartão de visitas. Com razão, porque a partir dos anos 1990 a cena londrina de artes plásticas passou a viver um bom momento, como pode ser atestado na exposição Novos britânicos, em cartaz no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo, a partir da quarta-feira 28. Os 58 trabalhos de 13 artistas – na maior parte em óleo e tinta acrílica – foram tirados da safra produzida pelos 350 participantes da Fresh Art Fair de 2003, em Londres, na qual artistas ainda não representados por grandes galerias vendem suas obras diretamente aos colecionadores.

Criada há três anos, a Fresh Art Fair tem curadoria de respeitadas figuras do cenário londrino, o que dá selo de qualidade à mostra paulistana, organizada pela Trampolim, empresa voltada para a promoção da arte contemporânea. Segundo o arquiteto Anwar Nassar, criador da Trampolim, a escolha das obras – que estarão à venda – foi feita visando ao mercado brasileiro. “Aproveitamos o conceito da Fresh buscando preencher a brecha existente entre as galerias elitistas e os artistas de potencial.” A seleção reserva boas surpresas. Morador da periferia de Londres, Max Taylor leva para suas telas, feitas em verniz sobre madeira, a desolação dos subúrbios. São terrenos baldios grafitados, tendo ao fundo prédios residenciais e à frente cães como única representação viva. Outro artista que segue a linha figurativa tão cara aos ingleses é Hogan Brown, que foca seu interesse no universo dos filmes de espionagem, fazendo uma espécie de retrato com hiper-realismo de cartoon. “Privilegiamos a linguagem pop, que está na tradição da arte inglesa e tem marcado sua produção por mais de duas décadas”, afirma Nassar.

No caso de Hugh Mendes, o melhor artista da Fresh Art Fair 2003, a referência ao pop é imediata na reprodução de uma cadeira elétrica na tela The culture of death. Usando recortes de jornais pintados com meticulosidade, Mendes faz uma incisiva crítica à política da Igreja em relação ao aborto e ao uso de preservativos. O onipresente humor britânico vem representado pela série de David Fawcett, que ganha ares de caricatura quando retrata o mundo da burocracia. Ex-tabelião, Fawcett investe sua ironia contra personagens comuns, colocando-os em situações ridiculamente banais.