Enquanto o barquinho da bossa nova se lançava aos mares cariocas no final dos anos 1950, Luiz Mainzi da Cunha Eça, ou Luizinho Eça como ficou conhecido, desfrutava de uma bolsa de estudos em Viena, Áustria, onde estudou com a pianista Martha Argerich. À frente do Tamba Trio, que lançou seu primeiro disco em 1962, Eça mesclou a formação erudita à música popular e ao jazz contribuindo com suas composições e arranjos para enriquecer e modificar o movimento criado em torno de João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Reconhecido em todo o mundo, Luiz Eça tem admiradores ferrenhos, como o colega francês Michel Legrand, um dos compositores favoritos do cineasta Jean-Luc Godard. Desde que morreu em 1992, Eça vem sendo alvo de tributos como este Michel Legrand – homenagem a Luiz Eça, álbum gravado no início do ano, no Rio de Janeiro, quando aconteceram as apresentações de Legrand no bar Mistura Fina.

O músico executa 11 temas de Eça ao lado de músicos brasileiros do quilate dos pianistas Ivan Lins e Francis Hime, do violoncelista Jaques Morelenbaum e do violonista Mario Adnet, produtor do disco e responsável pela escolha do repertório. Num clima de emoção e bom gosto, o disco abre com Febrônio, executada a quatro mãos pelos dois amigos num concerto no saudoso 150, do hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Entre as parcerias destacam-se Ruy Guerra em Lá vamos nós, Ronaldo Bôscoli em Melancolia, Fernanda Quinderé – viúva de Eça – em O homem e os colegas da primeira formação do Tamba, Bebeto Castilho (contrabaixo) em Danielle e Sempre será, e Hélcio Milito (bateria) em Mestre Bimba. Uma homenagem e tanto.