28/07/2004 - 10:00
Uma vocalista que remete a Astrud Gilberto, uma percussão de inspiração brasileira e balanço latino e canções com toques pop-jazz. Pronto! Eis a receita da banda inglesa Matt Bianco, surgida em 1984, considerada uma das pioneiras da onda new bossa e que agora volta à cena para a alegria dos que sacolejaram nos clubes noturnos há duas décadas. Matt’s mood, o novo álbum, reúne o cerne da formação original, com a polonesa Basia Trzetrzelewska (vocais) e os conterrâneos Mark Reilly (vocal e idealizador) e Danny White (teclados), autores e produtores de todas as canções.
Matt Bianco retorna pilotando um pop-jazz mais turbinado. Nada muito diferente do que seus antigos integrantes – entre eles o baixista brasileiro Kito Poncioni – produziram nos anos 1980. Só que naquela época era novidade misturar bossa nova a experimentos pop. Hoje, com a maldita mania do gênero lounge, virou lugar comum apelar a Tom Jobim e similares ou então desenterrar sons paleolíticos brasileiros para chacoalhar nos liquidificadores ingleses e americanos. Mas, mesmo recorrendo ao modernamente assimilável, Matt Bianco produziu um disco agradável. Basta ouvir o eletro-jazz Wrong side of the street, o chachachá repaginado Slip & sliding, a new bossa Ordinary ou o “light jazz samba” Ronnie’s samba. Esta é homenagem ao saxofonista Ronnie Ross – morto há dez anos –, que trabalhou com a banda nos seus primórdios e que, segundo Mark Reilly, tinha um “maravilhoso pedigree” de jazz, mas era pouco reconhecido e só lembrado por ter tocado no clássico Walk on the wide side, de Lou Reed. O que não é pouco.