28/07/2004 - 10:00
A grife Louis Vuitton, fundada pelo francês de mesmo nome, completa 150 anos. Para celebrar mais de um século de sucesso confeccionando objetos de desejo, a marca – hoje com 322 lojas espalhadas pelo mundo – prepara uma série de ações. A festa começou em janeiro e só terminará no final do ano com a reinauguração da sofisticada Louis Vuitton da Champs-Elysée, em Paris, construída por Georges Vuitton (filho do fundador) em 1914. Por enquanto, a fachada da loja, que funciona há 90 anos, está coberta por uma pasta e um baú gigantes no lugar dos tapumes. O ponto-de-venda será ampliado para acomodar os mais de mil itens da coleção Louis Vuitton, que, além das famosas malas e bolsas, passou a contar em 1998 com prêt-à-porter feminino e masculino, assinado pelo conceituado estilista americano Marc Jacobs. Em todo o mundo, são 43 lojas como essa, as Global Stores, que disponibilizam o catálogo completo da grife. Uma delas fica nos Jardins, em São Paulo. Outras três lojas da Vuitton ficam em Brasília, Rio de Janeiro e em um segundo endereço na capital paulista.
No roteiro de comemorações, a empresa prepara o lançamento do relógio Tourbillon – em ouro, safiras e esmeraldas –, vendido sob encomenda pela bagatela de US$ 200 mil. Está previstam também a veiculação, a partir de agosto, de uma megacampanha publicitária. Cinco jovens astros de Hollywood foram escolhidos para expressar o glamour da marca e engordar o número de estrelas que a consomem. Afinal, antes de circular nos braços de Jennifer Lopez e Sarah Jessica Parker, os produtos Louis Vuitton já encantavam ícones como Charles Chaplin e Audrey Hepburn. O francês que, aos 15 anos, começou a trabalhar em um ateliê de baús depois de aprender marcenaria com seu pai atingiu a fama antes mesmo de abrir seu negócio. Era Louis Vuitton quem fazia os baús para Eugênia, esposa de Napoleão III, sobrinho de Bonaparte, o que lhe deu segurança para abrir a própria loja em 1854.
O fundador sempre cuidou pessoalmente de tudo em seu negócio. Desde 1987, ele pertence ao grupo francês LVMH, mas mantém a característica de empresa familiar. Patrick Vuitton representa a quinta geração da família e hoje cuida das “special orders”, produtos personalizados feitos sob encomenda. “Esses pedidos eram um dos aspectos de que Louis Vuitton mais gostava”, diz Patrice Fontes, presidente da grife para a América Latina. Entre as peças exclusivas mais curiosas feitas no século XIX está um baú que vira cama, desenhado para um explorador europeu, e o baú que vira charrete, feito para uma viajante. Outro item inusitado e bastante útil era o baú aéreo, muito requisitado por baloeiros. Se o balão caísse no mar, os tripulantes poderiam flutuar sobre a peça. Todas essas preciosidades – e outras como baús-armários e escritórios, comercializadas até hoje – estão expostas no museu da marca, o Travel Museum, em Asnières, na França.
Porém, o sucesso não trouxe apenas glórias. A pirataria de produtos é enfrentada pela empresa há mais de um século. Já em 1888, Louis Vuitton colocou etiquetas com seu nome no interior das peças para diferenciar o seu produto dos similares. Em 1896, Georges Vuitton criou o monograma da marca que se mantém até hoje para homenagear o pai e criar identidade. O desenho que mescla as iniciais LV e flores estilizadas é atualmente um dos mais falsificados do mundo. Em vez de baús, o alvo dos farsantes são as bolsas. Nos anos 70, marroquinos começaram a tomar a Europa com versões condenáveis. Em Nova York, o bairro de Chinatown é repleto de cópias. No Brasil, não é diferente. Até sites na internet oferecem duvidosas Louis Vuitton por bem menos do que os R$ 2 mil que iniciam a tabela oficial de preços da linha de bolsas. O valor é alto, mas apenas aqueles que possuem peças originais carregam história e prestígio.