Muito já se falou, aqui neste espaço, sobre a baixa auto-estima do nosso povo. A luta pela recuperação da dignidade do brasileiro é uma das bandeiras de ISTOÉ. Não é necessário nenhum diploma de sociologia para detectar, nas vergonhosas diferenças sociais com as quais somos obrigados a conviver, as causas do problema. A história também nos dá boas pistas quando mostra que fomos um dos últimos países a nos livrarmos do flagelo da escravidão. E seus reflexos perversos nas relações humanas se fazem sentir até hoje. Corrupção endêmica e falta de ética também abalam, e muito, o amor-próprio. Do guarda de estrada que pede propina ao figurão que rouba e sonega, as frequentes notícias desse enriquecimento fácil e desonesto não fazem nada bem à auto-estima de quem, a duras penas, cumpre as regras.

Na segunda-feira 19, a Associação Brasileira dos Anunciantes (ABA) lançou, em São Paulo, uma campanha nacional com o nome “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Desenvolvida pela agência Lew Lara, a idéia é levantar o combalido moral do brasileiro. Pesquisas lá apresentadas mostram que na América Latina ostentamos o último lugar no quesito auto-estima, o Uruguai é o primeiro e a Argentina a segunda.

Na cerimônia estava o presidente Lula, outro batalhador pela recuperação da confiança nacional. Lula disse que o problema tem de ser trabalhado a partir do núcleo da família, no que está certíssimo. Pais que vivam com dignidade, altivez, confiança, ética e solidariedade criarão filhos dignos, altivos, confiantes, éticos e solidários. Com noções claras de cidadania. É muito bem-vinda a iniciativa da ABA e melhor ainda que a preocupação seja verbalizada, transformada em campanha e que as coisas do Brasil tenham o seu devido valor reconhecido. Esse é um trabalho para a sociedade e para o governo.

Com certeza, não ajudará em nada a melhorar a auto-estima nacional se ficarem impunes peripécias fiscais de membros do Banco Central, como as relatadas nesta edição.