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Os contos de fadas, com suas princesas loiras, bruxas malvadas, príncipes que viram sapo e toda espécie de metamorfose, sempre foram a matéria-prima por excelência dos filmes de Walt Disney. O período áureo de seu estúdio pioneiro na animação registra sucessos como “Cinderela” e “Branca de Neve e Os Sete Anões”, para ficar nos títulos mais conhecidos. No entanto, se essas histórias movidas a maniqueísmo e ensinamentos morais acabaram sendo a marca da Disney, terminaram também por ser seu fardo. Com a evolução dos costumes, passaram a soar como anacrônicas e cafonas. Foi nessa brecha que criações incorretas e bem- humoradas como “Shrek” encontraram seu nicho. De olho nesse novo público, a Disney decidiu se modernizar – sem, claro, perder a identidade – e vem agora com “Enrolados”, seu primeiro conto de fadas inteiramente digital. Por trás do nome sem pompa se esconde, contudo, uma das fábulas infanto-juvenis mais conhecidas da literatura – e que já animou até o Carnaval: “Rapunzel”, dos irmãos Grimm. Produzido ao custo de US$ 260 milhões, o que o coloca como a animação mais cara da história, o filme que estreia esta semana no Brasil está há mais de um mês entre os mais vistos dos EUA e acumula uma bilheteria mundial de US$ 286 milhões.

 

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A novidade dessa adaptação, preparada há cinco anos, não se resume à troca das pranchetas dos desenhistas pelo mouse dos artistas gráficos, que se esforçaram para dar um visual “feito à mão” às imagens. A própria história da jovem, que passa a vida encerrada numa torre e usa seu cabelo como corda, foi também atualizada. Agora o príncipe (salvador da moça aprisionada por uma velha malvada) virou bandido e ganhou o nome de Flynn Ryder, uma clara referência ao ator americano Errol Flynn, que encarnou nos cinemas Robin Hood, o mais famoso ladrão da idade média. Esse detalhe – apaixonar-se por um fora da lei – torna a garota mais rebelde. É Rapunzel quem negocia a sua fuga da torre com o salteador, depois de nocauteá-lo com um golpe de caçarola, arma que vai se mostrar mais eficiente que as espadas dos cavaleiros da corte. Outro acessório de luta é o próprio cabelo de 21 metros: ele serve de chicote, laço e corda. 

 

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Diferentemente do conto dos Grimm, a jovem é uma princesa e não a filha de um casal pobre. Ela foi roubada ao nascer por uma velha que a cria como filha ao descobrir o poder curativo e rejuvenescedor de seus cabelos. Além de repaginar a fábula, a produção  dividiu o protagonismo da história com o mocinho, pois na avaliação do estúdio, apenas o charme de uma princesa não levaria as crianças ao cinema. Os executivos chegaram a essa conclusão diante da fraca performance de “A Princesa e o Sapo”, lançado no ano passado. E, pelo visto, acertaram em cheio no marketing.  À frente dessa modernização está o grande revolucionário da área, John Lesseter, diretor criativo da Pixar, que estendeu seu cargo ao setor de animação da Disney quando o conglomerado adquiriu o seu estúdio. Sua intenção foi fazer “um filme da Disney para as plateias de hoje sem simplesmente copiar o passado”. Personagens como o cavalo farejador Maximus, sempre no encalço do bandido Flynn, ou o camaleão Pascal, o mascote de Rapunzel, só poderiam ter saído das mentes que criaram animais como o peixinho Nemo ou o ratinho Remy. Outros tipos hilários, inéditos em contos de fadas, são a turma de beberrões da taberna onde Rapunzel e Flynn se refugiam – os brutamontes são tocados pela doçura da garota e mostram que, como ela, também possuem seus sonhos de criança. É nesse pequeno detalhe que “Enrolados” se mostra um autêntico produto com selo Disney. 

 

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