Há mais de uma década, o Rio de Janeiro não recebe um Grande Prêmio de Fórmula 1. No entanto, a aparente calmaria no Autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá, contrasta com o estado de espírito da indústria automotiva fluminense.

A alemã Volkswagen, instalada em Resende, e a francesa Peugeot-Citröen, em Porto Real, pisaram fundo no acelerador – freio, para eles, não existe. As duas montadoras acabaram de dar sinal verde para uma montanha de US$ 1,3 bilhão em investimentos. A francesa Michelin aplicará US$ 300 milhões até 2010. Mas por que, afinal de contas, todo esse dinheiro migrará para o Rio?

A escolha das cidades fluminenses não foi obra do acaso. Quase todos os Estados do País ofereceram às montadoras, em meados da década passada, incentivos fiscais e boa infra-estrutura, mão-de-obra qualificada e malha logística adequada. Na ponta do lápis, o Rio de Janeiro venceu. “Analisamos 30 municípios, antes de escolhermos Resende como a plataforma global para a empresa no setor de caminhões”, diz Roberto Cortes, vice-presidente mundial de caminhões e ônibus da Volkswagen. A próxima leva será de caminhões extra-pesados, capazes de transportar cargas acima de 42 toneladas.

Mais produtos significam maiores vendas e aumento das exportações. “Em 1997, tínhamos 3% do faturamento atrelado às vendas para o exterior. No ano passado, esse índice já deu um salto e alcançou 15%, mas a meta é ter 25% em 2007”, diz o vice-presidente mundial Cortes. Vender para o exterior, contudo, não é privilégio da montadora alemã. A Peugeot-Citröen, quando desenhou a sua unidade de Porto Real em 1998, também imaginava embarcar seus motores e automóveis. Deu certo. As exportações deram um salto de 2002 para 2003. Pularam de perto de 3% para algo como 10%.

Pierre-Michel Fauconnier, diretor-geral da montadora francesa no Brasil, explica que o ritmo das vendas para o exterior só foi conseguido graças a uma sucessão de investimentos. Somente na primeira fase do projeto, de 1998 a 2001, consumiu US$ 600 milhões, para uma produção de 100 mil veículos anuais. Neste ano, o grupo está aplicando US$ 50 milhões. Parte é usada para iniciar a produção do motor 1,4 litro e parte segue para a montagem do modelo Peugeot 206 Station Wagon. “Estamos perto da utilização máxima da nossa fábrica, mas ainda não estudamos novos investimentos”, avalia Fauconnier. Posição diferente tem a Volkswagen, que decide sobre a implantação de mais um turno no segundo semestre deste ano. “Contamos com o espetáculo do crescimento e um aumento das exportações para darmos o sinal verde”, afirma Cortes. Acelera, Rio!